TV em Transe

Os rolezinhos

24/01/2014Christian Moreno
Os rolezinhos | Jornal da Orla
E eis que o ano começa com um assunto ocupando telejornais e programas de debates: os rolezinhos!
 
Tenho visto muito a respeito, é curioso ver “especialistas” tentando “decifrar um fenômeno sociológico/cultural”, assim como a questão cair na vala comum do embate político “direita x esquerda”. Quando é que os adolescentes que iniciaram o “movimento” de forma inocente imaginariam a proporção que seus encontros nos “templos sagrados do consumo” tomariam?
 
Foi justamente neste ponto, com a origem dos rolezinho, que iniciou reportagem do “Fantástico” sobre o tema domingo passado. Conduzida pelo repórter Felipe Santana, uma das melhores que vi a respeito até agora, focando também na questão do consumo e numa mudança de perfil da chamada classe C.
 
Aliás, o “Fantástico” deste dia 19 foi excepcionalmente bom. Outras matérias interessantes tiveram destaque, como a rede de pedofilia supostamente coordenada pelo prefeito de Coari, no Amazonas; e a orquestra formada em Macapá, pelo maestro Elias Tavares Sampaio, com crianças pobres da capital do Amapá.
 
Preconceito – Se a Globo deu uma bola dentro ao abordar os rolezinhos, o mesmo não pode se dizer do SBT. A âncora do principal telejornal da casa, Rachel Sheherazade (sempre ela…) soltou mais um de seus comentários que aliam desinformação e preconceito. Para ela, os rolezinhos são um perigo: “Devemos defender os direitos dos arruaceiros de se reunir num local privado?… Ou só vamos tomar providências quando os arrastões migrarem da periferia para os shoppings de luxo?”.
 
Fundamentalismo – Não surpreende que Rachel apóie os “Marcos Felicianos” da vida. Ela disse em recente entrevista à Folha de S.Paulo que o nobre deputado sofre de “perseguição religiosa”. Pois a mais recente do “democrático” Feliciano é tentar censurar até a internet. O parlamentar protocolou representação no Ministério Público de São Paulo para que a instituição investigue os humoristas do Porta dos Fundos por calúnia e difamação, solicitando que o MP peça à Justiça a exclusão do vídeo Especial de Natal do Youtube.
 
Feliciano pede indenização por danos coletivos no valor de R$ 1 milhão, pois “se sentiu ofendido na sua condição de cristão”. 
 
Então quem é que persegue quem, hein Rachel?