O medicamento cloroquina parece demonstrar efeito neuroprotetor na situação de infecção pelo zika vírus. A cloroquina é uma substância usada na profilaxia e tratamento da malária. É um produto de fácil acesso e tem sua segurança já testada e conhecida. Mas o atual nível de conhecimento ainda não permite o uso preventivo contra a zika.
O trabalho científico brasileiro, apresentado no início do mês de maio de 2016, é de caráter laboratorial, ou seja, serão necessários estudos clínicos antes da aprovação oficial para a liberação do uso da cloroquina na profilaxia, como preventivo, da microcefalia causada pelo zika vírus. O uso deverá ser precoce.
O zika vírus infecta as células cerebrais antes dessas estarem adequadamente diferenciadas. A diferenciação celular ocorre durante os três primeiros meses de gravidez. Após a fusão do espermatozoide com o óvulo, a célula formada irá sofrer vários ciclos de divisão simples, resultando em conjunto de células iguais. Em um dado momento, essas células começam a se diferenciar formando os diversos tipos de tecido, cada um especializado em uma função.
O zika vírus infecta as células nervosas antes de uma célula, já parcialmente especializada, dar origem a três outros tipos diferentes, comprometendo o desenvolvimento cerebral, causando a microcefalia e as suas consequências. A cloroquina, administrada em tempo adequado, impediria a lesão.
Os pesquisadores testaram a substância em diferentes tipos de cultura de células, com resultados satisfatórios. A aplicação do medicamento não permitiu o aparecimento das lesões neuronais causados pelo vírus. A pesquisa indicou a necessidade de se usar o medicamento em fase precoce em relação à infecção, antes do processo de especialização ou diferenciação das células cerebrais.
A quantidade necessária para impedir a infecção do vírus nas células cerebrais é pequena, mas ainda não se sabe o quanto a mãe teria de ingerir para que um volume suficiente atravessasse a barreira placentária e atingisse a circulação sanguínea do feto. Além disso, é necessário saber quanto de medicamento circulante pelo feto garantirá quantidade adequada no cérebro em formação.
Testar medicamentos em mulheres grávidas é um problema ético, pois quem se disporá a arriscar um possível efeito adverso aos bebês. A cloroquina é um medicamento de estreita margem de segurança. Isso significa que pequenas oscilações poderão provocar mortes. A cloroquina também pode provocar problemas na retina, comprometendo a acuidade visual. Estudos em ratos demonstraram alta afinidade da cloroquina pela retina dos fetos.
Se ainda tiver dúvidas, encaminhe-as para o Centro de Informações sobre Medicamentos (CIM) do curso de Farmácia da Unisantos. O contato pode ser pelo e-mail [email protected] ou por carta endereçada ao CIM, avenida Conselheiro Nébias, 300, 11015-002.
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