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A liberação da fosfoetanolamina

16/04/2016Da Redação
A liberação da fosfoetanolamina | Jornal da Orla
A razão precisa prevalecer para se conseguir as melhores decisões. Infelizmente, a razão não predominou na liberação súbita e emocional dada ao uso da fosfoetanolamina. Uma substância que ainda não teve a comprovação científica dos benefícios, nem da segurança. Um grupo de deputados aprovou uma lei distante de seu foro, em vez das muitas discussões importantes ao país.
 
Independentemente de uma possível eficácia da fosfoetanolamina no combate ao câncer, a aprovação do uso depende do respeito a todas as fases exigidas e aceitas mundialmente. Há de se lembrar que, mesmo após testes exaustivos, algumas substâncias ainda apresentam problemas no seu uso, sendo, então, retiradas do mercado. Mais do que uma falha do sistema, isso demonstra a necessidade de vigilância irrestrita no uso de medicamentos.
 
Outro aspecto discutível da lei é a de transferir a decisão do tratamento à pessoa doente, um indivíduo em período de fragilidade emocional. Condição aguçada quando a doença é o câncer, podendo, portanto, não realizar uma decisão sensata. Além do quê, essa questão se contrapõe às várias regras que dão a responsabilidade da prescrição aos clínicos, profissionais capacitados ao diagnóstico. A sanção dessa lei pode permitir a aceitação do curandeirismo.
 
O fato chamou a atenção da comunidade científica internacional. Revistas internacionais importantes, como Nature e Science, discutem a sanção presidencial da lei. Especialistas brasileiros em oncologia e em desenvolvimento de medicamentos também contestaram a decisão de ter sido deferida, a despeito da oposição da Anvisa, órgão responsável pelos registros de medicamentos.
 
De fato, o câncer é uma doença com números crescentes. Estima-se que seja responsável por 12% das mortes no mundo. O crescimento se dá, principalmente, pelo estilo de vida das pessoas no mundo industrializado. Atualmente, há grande opção pelo sedentarismo, ingestão de alimentos de baixa qualidade, com pouca quantidade de fibras, muita gordura e consumo exagerado de alimentos industrializados, ricos em aditivos. 
 
Então, a prevenção, buscando uma vida mais saudável, é importante estratégia para o controle da doença. E também, a cada dia, novos medicamentos têm surgido, todos seguindo os rigores da ciência, submetendo-se aos procedimentos exigidos pelas leis do mundo todo.
 
Se ainda tiver dúvidas, encaminhe-as para o Centro de Informações sobre Medicamentos (CIM) do curso de Farmácia da Unisantos. O contato pode ser pelo e-mail [email protected] ou por carta endereçada ao CIM, avenida Conselheiro Nébias, 300, 11015-002.