E não foi pelos assuntos sérios levantados durante a cerimônia lá de Los Angeles: racismo, diversidade sexual, preservação do planeta. A caleuma toda deveu-se à participação de Glória Pires como comentarista da Globo!
 

Sinceramente, foi uma uma pérola do humor involuntário. O misto de desinteresse e desinformação da atriz fez com que algo normalmente modorrento se transformasse numa diversão.
 

Glória parecia aquele adolescente forçado pelos pais a ir numa festa de um parente distante. Ele não conhece quase ninguém e passa o tempo todo de canto, com a cara emburrada. Aí quando alguém se aproxima para puxar conversa ele é lacônico, monossilábico. Não vê a hora de aquela tortura acabar e ir embora. Eis os “melhores momentos” do Oscar 2016 na Rede Globo:

 

“Glória, você gostou de ‘O Menino e o Mundo’?” (animação brasileira que estava na disputa), indagou a jornalista Maria Beltrão.

Resposta: “Não assisti”.
 

Porém, o excepcional “Divertida Mente”, da Pixar, levou o prêmio. O que a comentarista achou disso?

“Não assisti nenhum dos dois”.
 

“O que você achou do Oscar a ‘O Filho de Saul’?” (faturou a categoria Melhor Filme Estrangeiro). 

“Não assisti”.
 

“Você acha que Lady Gaga leva essa?” (concorreu ao Osdcar de Melhor Canção).

“Não sou capaz de opinar.” 
 

Sobre os candidatos a Melhor Filme:

“Sou ruim de previsões… Gosto muito de ‘Trumbo’.”. Ok, mas essa fita sequer recebeu indicação… 
 

E quando a atriz emitia alguma opinião, era lacônica: “Bacana”. “Curti”. “Muito bom”.
 

Sua intervenção mais extensa, talvez aliviada pelo fim da cerimônia, foi ao comentar a estatueta de filme do ano para Spotlight: “Muito bom de assistir. Bastante acessível e interessante”. 
 

Enquanto isso, na transmissão do canal a cabo TNT – que começou sem atrasos, pois a Globo obriga o telespectador a esperar o final do “BBB” –  o crítico Rubens Ewald Filho dava seu costumeiro show de conhecimento da matéria.