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Carnaval pode ser coquetel explosivo para espalhar zika

23/01/2016Da Redação
Carnaval pode ser coquetel explosivo para espalhar zika | Jornal da Orla
O alerta foi dado pela Sociedade Brasileira de Infectologia: o Carnaval reúne fatores de risco preocupantes para a propagação do zika, vírus transmitido pelo Aedes aegypti (mosquito que também transmite a dengue e a chikungunya) e que é associado aos casos de microcefalia, que continuam crescendo no país. Já foram registrados 3.893 casos de má formação fetal relacionados ao zika em 21 estados brasileiros.
 
O Carnaval, que este ano acontece de 6 a 9 de fevereiro, leva milhões de pessoas às ruas de grandes cidades, principalmente do Nordeste, onde há forte presença do Aedes aegypti e alto número de casos de bebês nascidos com microcefalia. Para os infectologistas, o carnaval pode representar um “coquetel explosivo” e ajudar a espalhar ainda mais o zika pelo país. 
 
Segundo eles, entram nesta mistura as grandes aglomerações de pessoas, em geral com poucas roupas e mais vulneráveis às picadas do mosquito, possibilidade de chuvas, maior quantidade de lixo nas ruas e por consequência mais chance de potenciais criadouros do inseto. E soma-se ainda o maior número de relações sexuais sem proteção e risco de gestações indesejadas justamente nos locais de maior incidência do vírus. 
 
A virologista Nancy Bellei, da SBI, considera primordial que seja feita um grande alerta. “Eu acho um erro ignorar estes riscos. O Brasil tem essa cultura, de que se você fala a verdade está disseminando o pânico. Em outros países é diferente”, diz. O potencial de propagação do zika devido ao Carnaval também depende da existência do mosquito nos locais de origem dos turistas (para onde retornarão).
 
Epidemia em crescimento
A estimativa do vice-presidente de Pesquisa e Laboratórios de Referência da Fiocruz, Rodrigo Stabeli, para a microcefalia não é nada animadora: “Chegaremos a 16 mil casos neste ano”, calcula. Em sua opinião, a atual epidemia é um dos mais graves problemas de saúde pública já enfrentados pelo Brasil. 
 
“Estamos assistindo à chegada de uma geração de bebês que necessitam de cuidados intensos para sua melhor qualidade de vida. Será necessária assistência para essas crianças, fora o impacto para a família”, explica.
 
Até meados de 2015, a microcefalia era uma doença considerada rara no Brasil e no mundo. O número de casos no País explodiu a partir de agosto, meses depois de uma epidemia de zika no Nordeste. Exames feitos em bebês e fetos com a má-formação reforçaram a tese de pesquisadores de que o aumento de casos é provocado pela transmissão vertical – da mãe para o bebê, na gestação. 
 
Recomendações aos foliões
Para os foliões, as principais recomendações são colaborar no controle do mosquito, evitando deixar água parada, além do uso de preservativos nas relações sexuais. O uso de repelentes pode ajudar, desde que o produto seja reaplicado conforme as orientações do fabricante. Já cobrir o corpo com calça e camisas compridas, diminuindo a área exposta ao mosquito, é algo difícil de ser colocado em prática nos dias de folia.