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Culpado ou Inocente?

10/12/2015Da Redação
Culpado ou Inocente? | Jornal da Orla
“Você não é advogada dela”, disse-me a professora, ao que lhe respondi: “Mas um dia vou ser!”. Contava, apenas, sete anos de idade quando tomei as dores de uma coleguinha de classe, enfrentando a “mestra” que lhe dera uma “bronca”, para mim, “injusta”!

Os anos passaram, os tempos mudaram e a ideia, sempre fixa, tornou-se realidade. Vestibular, ansiedade, muita expectativa. Na lista dos aprovados, o 12º lugar garantiu-me os cinco anos mais desejados. Faculdade Católica de Direito (UniSantos), a querida “Casa Amarela”.

E depois? Diploma na mão, responsabilidade à vista! É, então, chegada a hora do imprescindível Exame de Ordem, passo extremamente importante para avaliação da capacidade do bacharel para ingressar na profissão.Incrível possa parecer, a postura profissional é captada pelos examinadores desde esse momento. Competência, clareza na forma de expressão, conhecimento jurídico suficiente para galgar os primeiros passos, saber usar as prerrogativas e vai por aí.A dedicação à advocacia e a atenção aos princípios de Direito levaram-me à posição de examinadora e coordenadora geral do Exame para toda a Baixada, cargos ocupados por 13 anos, confesso que com rigor.

A classe tem que ser respeitada e, para isso, antes, respeitar o ser humano e a todos que envolvem o mundo jurídico. A advocacia está sempre à frente alavancando a sociedade democrática.

Cultivar a ética não é mérito, é obrigação. A máquina funciona somente bem conduzida pelo homem. Por vezes, a imagem do advogado é aviltada, envolvida no manto da desonestidade. Isso só pode ser combatido com a luta diária, inclusive daqueles que, pelo voto livre, são escolhidos para representantes da classe. Combater as “chicanas”, sempre! O exemplo começa daí! Dessa batalha também estive à frente como diretora da OAB Santos.

As mulheres tomarem seus lugares na OAB foi mais do que natural.Consciente ou inconscientemente, sentiram-se preparadas para usarem a sensibilidade que lhes é inerente em defesa das balizas do direito em prol de uma sociedade melhor.

Garra e coragem para vencer os desafios também fazem parte do grande mister do advogado. Só se faz Justiça, julgar, jamais, quando se tem a consciência tranquila, com a sensação do famoso “dever cumprido”.

Afinal, a advocacia é essencial ao ideal de Justiça, a que todos almejamos.
 
*Clara Monforte é advogada, escritora e colunista social. www.claramonforte.com.br