TV em Transe

Resistir é preciso

10/12/2015 Christian Moreno
Resistir é preciso | Jornal da Orla
Um dia desses me deparei com uma excelente série documentário no canal a cabo H2 intitulada “Resistir é Preciso” (também exibida na TV Cultura). O programa traça um panorama do trabalho da imprensa escrita no Brasil durante a ditadura militar. Não nos grandes veículos, mas basicamente em três frentes que tentaram fugir ao controle da censura imposta pelo governo: os jornais alternativos, os clandestinos e os que eram feitos no exílio.

Três décadas após o fim do regime militar, porém, a “guerra da informação” continua numa realidade diferente. Não há censura oficial, porém, como a grande mídia costuma usar o jornalismo para atender a interesses privados, resta à imprensa alternativa fazer o contraponto. Não mais em jornais impressos, mas em um veículo com poder de penetração muito maior: a internet.
 
O outro lado – Obviamente é preciso saber onde buscar informação e ponderar a respeito daquilo que se lê (não estou falando em compartilhar qualquer bobagem numa rede social sem ao menos checar a veracidade). Mas a rede possibilita encontrar o “outro lado” da notícia quando a idoneidade passa longe da grande imprensa.

O agitado mês de novembro nos deu vários exemplos. A começar pelo mais terrível crime ambiental da história deste país. Quantas vezes o leitor viu as empresas Vale e BHP Billinton (acionistas da Samarco) serem citadas – e devidamente cobradas – no noticiário televisivo? Para a Rede Globo, em especial, ambas parecem inexistir. Chega a dar a impressão de que toda aquela lama foi originada por uma catástrofe natural, como um terremoto ou um tsunami.

 
O povo não é bobo – Falando em Globo, é sintomática a saia justa vivida por Fátima Bernardes, sexta-feira passada, em seu programa matinal. Durante um boletim ao vivo cobrindo as manifestações de estudantes paulistas contrários à reorganização imposta pelo Governo do Estado, os secundaristas entoaram um coro de “o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo”. O link então foi cortado, e Fátima fingiu que nada de anormal tinha acontecido.

Qual motivo levou os estudantes a isso? Provavelmente a forma absolutamente parcial com que a emissora trata o tema das ocupações das escolas públicas.

Quem planta vento… – Não por acaso, a Globo está colhendo os frutos daquilo que sempre plantou. O mês de novembro de 2015 foi o de pior audiência do “Jornal Nacional” desde 1969! Foram 22,7 pontos de média e 33,6% de share (de cada três televisores ligados, um estava no telejornal). Este número era quase o dobro 15 anos atrás e ultrapassava os 70% nas décadas anteriores.

Claro que o sucesso de “Os Dez Mandamentos”, da Record, contribuiu pra isso. Mas também seria um indício de que há muita gente atrás de fontes de informação mais confiáveis.