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O tempo não para. A luta também não

28/11/2015Da Redação
O tempo não para. A luta também não | Jornal da Orla
Muita coisa mudou desde que a capa da maior revista do país estampava a foto de um Cazuza quase cadavérico e anunciava que “uma vítima da Aids agoniza em praça pública”. Era 1989, época em que a epidemia da doença parecia impossível de ser contida e a aparência dos portadores chocava a todos. 

Décadas incansáveis de pesquisa e campanhas de prevenção ajudaram a conter o avanço da doença. O Ministério da Saúde informa que, desde 2003, o número de mortes em decorrência da Aids caiu 15,6%. E a epidemia no Brasil está estabilizada, com taxa de detecção em torno de 20,4 casos de aids, a cada 100 mil habitantes. E, uma boa notícia, a Unaids (órgão da ONU que se dedica a combater a doença) estima que até 2030 a epidemia estará controlada no mundo.

 
Vacina
Pesquisadores de diversas nacionalidades vão começar no ano que vem os testes em seres humanos de uma possível vacina, a VRC01. O estudo será feito em 3.900 pessoas nas Américas do Norte e do Sul e na África Subsaariana.
 
Teste rápido
Em breve, estará disponível nas farmácias um teste que poderá ser feito por qualquer pessoa (hoje, apenas profissionais de saúde podem efetuá-lo). O produto foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na sexta-feira (20). O fabricante do produto disponibilizará um serviço de atendimento telefônico 24 horas e, independente do resultado do teste, a pessoa deverá realizar outro, para confirmação, em um laboratório especializado. O Ministério da Saúde estima que 143 mil brasileiros têm HIV mas não sabem.
 
Extremidades
Duas faixas de idade da população preocupam mais os especialistas: os idosos e os jovens. Os mais velhos por conta de mudanças no comportamento e aumento na expectativa de vida. Com vida social mais ativa, o uso de medicamentos que melhoram a potência sexual, e a resistência ao uso de preservativo fizeram a incidência da doença aumentar nesta parcela de indivíduos. 

Já os mais jovens não testemunharam o avanço assustador da doença, nem testemunharam o definhamento de vítimas como o próprio Cazuza e, portanto, parecem não ter consciência quanto ao poder destruídos da Aids. 

Por isso, o Ministério da Saúde desenvolve campanhas permanentes, com uma linguagem específica para os jovens, como a #partiuteste. 

“Muitos ainda veem a infecção como algo distante de sua realidade”, diz o diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Fabio Mesquita.
 
Santos
Atualmente, o programa de combate à doença atende mais de 3,5 mil portadores de Aids. No ano passado, 167 moradores de Santos foram notificados como portadores do vírus HIV. Até outubro deste ano, foram 123. Para detectar novos casos, a Secretaria de Saúde desenvolve a campanha Fique Sabendo, que permite a realização do teste e divulgação do resultado no mesmo dia. Há postos volantes, cuja localização pode ser conhecida no site da Prefeitura www.santos.sp.gov.br
 
Livro
“Morte e vida positHIVa” é o nome do livro que o ativista Beto Volpe está lançando, por meio do site de financiamento coletivo www.kickante.com.br. Na obra, o autor, que descobriu ter HIV em 1989, narra sua luta contra a doença e faz uma reflexão sobre os vários aspectos envolvidos na epidemia de Aids. “Mesclar tragédia e comédia no mesmo contexto é minha marca registrada, A minha obra se revela uma potente ferramenta para desenvolver a resiliência do leitor e impactar positivamente não somente a vida das pessoas, como também na compreensão coletiva sobre aspectos não divulgados da epidemia”, afirma.