Algumas coisas mudaram desde o tempo em que funcionava na esquina da avenida São Francisco com a rua Senador Feijó, atrás de uma geladeira. O salão é maior, há pratos novos, outros rótulos na carta de vinhos… Mas a maior parte das características que consagraram o Paquito como um dos melhores (senão o melhor) restaurantes especializados em peixes e frutos do mar em Santos permanece.
Comandado pelo mestre Francisco Carrrera, o Porta do Sol, como também é (menos) conhecido, se destaca pela qualidade de seus ingredientes e impecável modo de preparo. “O melhor peixe é o do dia. Peixe tem que ser fresco, não pode ser congelado. Por ter uma carne delicada, ele perde todo o sabor quando descongela”, explica Carrera, ou melhor, Paquito. E é por isso, e não por preciosismo ou improviso, que o cardápio é escrito à mão, todos os dias.
Mas quase nunca faltam no menu as opções mais pedidas pelos tradicionais clientes: Polvo à Provençal (com alho, azeite e vinho), a Moqueca de Frutos do Mar (polvo, lula e camarão), Camarão à Saint Jacques (empanado com catupiry ao molho agridoce) e o Bacalhau à Debora (lombo gratinado com azeite e ervas), entre outros.
As novidades são resultado de muita pesquisa, da experiência e da intuição de Paquito, que costuma criar pratos deliciosos e batizá-los homenageando os amigos, como a Pescada à Renatinho (jogador do Santos FC) e o Polvo à Magrini (ator). Há também releituras de pratos, como no caso da Meca Santista (meca, risoto de palmito pupunha e farofa de banana). “A nossa é servida em cubos, com molho de alho com mel”, explica.
Logo na entrada, é oferecida a sangria, bebida preparada com vinho tinto e frutas como abacaxi maçã e morango. O restaurante conta com uma carta de vinhos enxuta (cerca de 20), mas representativa, na qual predominam os brancos. Além de refrigerantes, sucos e cervejas.
O restaurante continua não aceitando pagamento em cartão (de crédito ou débito). Apenas dinheiro ou cheque. Coisa de espanhol.
Restaurante Porta do Sol- Av. São Francisco, 210, Centro. Telefone: 3233-3406.
Tradição e vanguarda
O Porta do Sol funciona desde 1961. Primeiro, sob comando dos espanhóis Aniceto e Francisco, respectivamente, pai e tio de Francisco Carrera. “Eu estudava e também ajudava no restaurante. Depois, desisti da Faculdade de Engenharia e me dediquei apenas à gastronomia”, explica Paquito. O nome do restaurante vem da ascendência espanhola da família e busca lembrar uma das mais famosas praças de Madrid.
Durante muito tempo, o Porta do Sol funcionou na esquina de duas movimentadas vias da cidade. Quem não conhecia o lugar e passava em frente mal podia desconfiar que, ao passar pela porta “escondida” do lado de uma velha geladeira, ia entrar num salão simples, mas onde eram servidos saborosos pratos. Clientes esperavam em filas gigantescas sem reclamar, saboreando deliciosas sangrias.
Em maio de 2011, o restaurante mudou de endereço e passou a funcionar a poucos metros da esquina, no número 210 da avenida São Francisco. No ano passado, passou por uma reforma que lhe conferiu um aspecto mais moderno e aconchegante, com destaque para os painéis nas paredes assinados pelo artista plástico Paulo Consentino.
Marca registrada de todos estes anos da cozinha de Paquito é o respeito aos ingredientes. Nada de peixe congelado ou em época de defeso. E, para cada espécie de pescado, um modo de preparo adequado: frito, grelhado, cozido ou assado. “Cada peixe tem a sua textura. Garoupa é bom para ensopado. Linguado tem que ser grelhado, mas na manteiga, para não ficar ressecado”, exemplifica.
Autodidata, Paquito revela que cria seus pratos após muita pesquisa e experimentações. “A cozinha tem seus princípios básicos, daí você acrescenta sua experiência e imaginação”.
Às quartas-feiras, o Paquito dá uma guinada e seu cardápio abre espaço para pratos que nada têm a ver com o mar, mas não menos deliciosos, como dobradinha, rabada e cozido à espanhola (que leva carnes bovina e suína). Sob encomenda, o restaurante também serve vieiras, camarões pistola e paellas.
