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Próprias pernas

24/10/2015Da Redação
Próprias pernas | Jornal da Orla
Durante anos, nas suas sessões de meditação, um mestre observou a presença de um jovem que nada falava e que parecia indiferente a tudo.

Certa noite, esse moço chegou mais cedo e, ao encontrar o mestre sozinho, aproximou-se dele, interpelando-o:

-Há muito tempo frequento o seu centro de meditação e tenho reparado no grande número de pessoas que aqui também vêm.

-Alguns deles tornaram-se pessoas muito melhores, qualquer um pode comprovar isso. Outros experimentaram relativa mudança em suas vidas.

-Noto que também essas são pessoas mais felizes.

-Mas, senhor, alguns existem, dentre os quais me incluo, que permanecem como eram ou incidem em erros que pareciam já ter superado. Não mudaram nada, ou não mudaram para melhor.

-Por que precisa ser assim, mestre? Por que o senhor não usa do seu poder e do seu amor para libertar incondicionalmente a todos?

O mestre sorriu e perguntou:

-De qual cidade você vem?

-Venho de Rajagaha, mestre, a trezentos quilômetros daqui.

-Você ainda tem parentes ou negócios nessa cidade?

-Sim, e por isso frequentemente vou para lá.

-Então, disse o mestre, você deve conhecer muito bem o caminho.

-Sim, eu o conheço perfeitamente. Tantas vezes já o percorri que me atreveria dizer que até com os olhos vendados eu poderia encontrá-lo.

-Deve, então, acontecer de algumas pessoas às vezes o procurarem, pedindo-lhe que lhes explique o caminho até lá. Quando isso ocorre, você oculta alguma informação ou explica claramente?

-O que haveria para ocultar, mestre? Eu lhes explico claramente o caminho, de maneira a não deixar nenhuma dúvida.

-E essas pessoas, às quais você dá explicações tão claras, todas chegam à Rajagaha?

-Somente aquelas que percorrem o caminho até o fim.

-É exatamente isso que quero lhe explicar, meu jovem. As pessoas vêm a mim sabendo que sou alguém que já percorreu o caminho e que o conhece bem. Elas vêm e perguntam: “Qual é o caminho da felicidade?”

-Eu lhes explico claramente. Se alguém, simplesmente, abana a cabeça e diz: “Lindo caminho, mas não me darei ao trabalho de percorrê-lo”, como poderá essa pessoa chegar ao destino?

-Eu não carrego ninguém nos ombros. Digo apenas: “Este é o caminho e é assim que o percorro. Se você também trabalhar, também caminhar, certamente atingirá o seu destino.”

-Mas cada pessoa deve percorrer o caminho por si, deve sentir cada um dos seus próprios passos.

-Afinal, uma caminhada, por mais longa que seja, começa com o primeiro passo, e deve ser feita com as próprias pernas.

[com base em texto de Alzira Castilho e da Redação do Momento Espírita]

O Grande Arquiteto do Universo nos oferece, diariamente, oportunidades para sermos melhores e trilharmos, de modo efetivo, o caminho do bem.

Essas chances, no entanto, só podem ser usufruídas individualmente.

Não há como transferir tais responsabilidades a nenhuma outra criatura.

O nosso dever é de crescimento e aprendizado, e nosso, exclusivamente, será o mérito pela real conquista de virtudes que nos proporcionarão a verdadeira felicidade.
 
PAZ, SAÚDE E PROSPERIDADE