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O fim de um mito

08/08/2015Da Redação
O fim de um mito | Jornal da Orla
Quando de sua primeira prisão, condenado por corrupção no episódio que ficou conhecido como mensalão, José Dirceu foi aclamado por correligionários petistas que gritavam “Dirceu, guerreiro, do povo brasileiro!”. Ex-presidente da UNE, preso político na época da ditadura militar, Zé Dirceu, como é chamado por seus pares, sempre foi um nome de peso entre as correntes de esquerda do país. Afinal, tinha uma história marcante.

A situação mudou agora, quando o juiz federal Sérgio Moro decretou a segunda prisão de Dirceu, também por corrupção, na Operação Lava Jato, que apura a roubalheira desenfreada ocorrida na Petrobras durante os governos petistas. Não se trata apenas de saquear o Estado por um projeto político, mas, também, de enriquecimento pessoal e, é claro, ilícito.

O fato é que “o guerreiro do povo brasileiro” sucumbiu às benesses do poder e passou a tratar o Estado como propriedade privada, obtendo, para si, vantagens indevidas, no caso, mais de 39 milhões de reais, recebidos a título de “consultoria”. Segundo as denúncias, que motivaram a nova prisão, Dirceu mantinha uma consultoria de fachada para receber recursos dos contratos superfaturados de empreiteiros com a Petrobras. Junto com Dirceu foram presos seu irmão, Luiz Eduardo, e um assessor.

José Dirceu era um ícone no PT. Ministro e homem forte no primeiro governo Lula, provavelmente só não chegou à presidência da República porque trombou com Roberto Jefferson, o delator do mensalão.  Ao que tudo indica, a primeira prisão não foi suficiente e ele teria continuado a participar de um esquema semelhante, desta vez na Petrobras.

O fim de um mito da esquerda não joga apenas José Dirceu na cadeia, como destrói sua reputação entre os que o consideravam um “guerreiro” e mancha definitiva e irreversivelmente sua biografia. Revela, ainda, que a vaidade, arrogância e soberba não têm limites e evidenciam toda a fragilidade da alma humana.

Na cadeia, onde certamente permanecerá por muito tempo, Dirceu, no outono da vida, deve estar se questionando: Valeu a pena?