O Brasil garantiu mais um importante titulo internacional no surf. Competindo “em casa”, Samuel Pupo faturou a Final do Rip Curl Grom Search Internacional, apresentada por GoPro, neste sábado (2), na praia de Maresias, em São Sebastião. A vitória teve como espectador (e torcedor) ilustre o campeão do WCT, Gabriel Medina, que em 2010 garantiu na Austrália esse mesmo título, exclusivo para surfistas com até 16 anos.
Entre as meninas, Leilani McGonagle, da Costa Rica, garantiu a primeira conquista internacional no surf para o seu país. O Rip Curl Grom Search Internacional é conhecido por revelar grandes nomes. Exemplos não faltam. O próprio Medina, os irmãos Owen e Tyler Wright, as havaianas Tatiana Weston Webb e Malia Jones.
O campeonato em Maresias reuniu 16 surfistas de 10 países e foi realizada em Maresias, em homenagem a Gabriel Medina, anfitrião dessa nova geração. O astral do evento era evidenciado quando os atletas derrotados saiam do mar, todos sorridentes. Sem reclamações.
Nos dois dias escolhidos (a “janela” de espera foi iniciada na terça-feira), tudo perfeito, ondas e sol e praia cheia. No primeiro dia (sexta-feira, 1º), um mar mais pesado, com ondulação de cinco a seis pés (cerca de dois metros) e no sábado, mais alinhado, com três a quatro pés (um metro) e excelente formação.
Na final masculina, Samuel começou mais comedido do que nas outras baterias, mas na sexta onda, uma esquerda, garantiu uma batida, uma rasgada e trabalhou bem as manobras para tirar um 9,75 e praticamente assegurar o novo título para o Brasil. “É o melhor campeonato que eu já fiz. É muita felicidade, ainda mais vencer aqui, onde moro”, disse Samuca, de 14 anos, feliz por vencer na praia onde mora.
“Estava muito confortável, tranquilo e ficava feliz ao ouvir a galera gritando a cada onda boa que eu fazia”, afirmou. “Agora quero continuar surfando e me divertir. As coisas vão acontecendo naturalmente”, complementou Samuel depois de sair carregado do mar. “Quero agradecer a Deus, minha família e meus patrocinadores, em especial à Rip Curl, por transformar meu sonho em realidade”, festejou o surfista que já anuncia sua estreia no WQS.
Na final, ele enfrentou o norte-americano Kei Kobayash, de Trestles. Os dois surfistas foram os melhores durante todas as fases. O brasileiro foi o dono de todos os recordes. Garantiu as maiores somatórias – 19,75 e 19,4 – e as maiores ondas – duas notas dez e uma 9,8.
De família de surfistas – seu pai, Wagner foi profissional por muitos anos, e seu irmão Miguel está no WCT, Samuel surfou muito bem em todas as baterias que disputou, sempre buscando manobras no limite. No round anterior à semifinal, deu um show à parte e tirou seu primeiro dez, com um tubo, uma rasgada e um aéreo na mesma onda. Na sequência, decolou novamente rodando, alto “no hands”, com a nota 9,75, para garantir 19,75 pontos de 20 possíveis.
Na outra bateria, a disputa foi acirrada, com Kei Kobayash marcando 16,85, o neozelandês Kehu Butler, 14,20 e o indonésio Raju Sena, 13,15. Na semi, o brasileiro tirou um 8,5 e o francês Lens Arancibia, sete. Depois, Samuel garantiu um nove e estava descartando 7,5, já suficiente para vencer. E dai “abusou” da radicalidade, com um aéreo ‘full rotation” alto para um novo dez.
Bem à vontade, ainda garantiu um 9,4. Somou 19,4, sem precisar usar um nove, um 8,5, um 7,5 e um sete. Pegou sete ondas na bateria, cinco excelentes. Na segunda semi, Kei Kobayash estava perdendo, precisava de 8,46 e tirou da cartola uma onda boa, com um aéreo, para tirar 8,75, faltando dois minutos. O neozelandês Kehu Butler, que vinha crescendo no evento, ainda tentou aéreo, mas sem sucesso e a diferença foi de menos de meio ponto.
Na feminina, Leilane venceu a australiana Jaleesa Vicent, que por sua vez, superou a americana Caroline Marks, que dividia com a costarriquenha as melhores performances. Apesar de ter a melhor nota da bateria, a surfista da Austrália não conseguiu outra boa pontuação e Leilani que surfou bem todo o campeonato, assegurou o título com 14,40 contra 13,25.
“Vim como wild card e estava confiante, porque treinei muito. Fiquei muito feliz, principalmente porque é um campeonato tradicional”, comemorou a atleta de 15 anos, que mora em treina em Pavones. Fã de Medina, ela tinha um motivo a mais para vibrar. “Foi um privilégio vencer aqui na praia de Gabriel, uma honra levantar a taça a mesma onda que ele aprendeu a surfar”, completou a surfista, que foi carregada pelos surfistas Kehu Butler e Raju Sena.
Gabriel Medina, o anfitrião, ficou feliz em recepcionar os finalistas em “sua casa” e elogiou o nível técnico do evento, relembrando 2010, quando foi campeão internacional, na Austrália, um marco para iniciar a sua trajetória profissional na sequência. “É legal ver essa nova geração, ao vivo, ainda mais aqui em Maresias, onde tudo começou, onde sempre surfei”, destacou.
“Muito legal ver essa molecada quebrando e veio a lembrança dos meus tempos de amador, da final em Bells Beach, um momento especial para mim. Foi uma honra terem me escolhido como anfitrião. O campeonato foi demais e todos que participaram estão de parabéns, a Rip Curl e todo mundo que colaborou”, acrescentou Medina.
O diretor do campeonato, Fernando Gonzalez, demonstrou total satisfação com as condições do mar para os dois dias de disputas. “Conseguimos o que estávamos buscando, que era colocar a competição nos dois melhores dias de onda nessa semana que ficamos na espera. E realmente conseguimos, tanto no primeiro dia, com ondas desafiadoras, quanto no sábado com ondas mais divertidas, mas perfeitas”, comentou.
“Sabíamos que os atletas conseguiriam mostrar seus potenciais nessas condições. Foi super prazeroso, com dois dias de praia cheia, sol. Na poderíamos esperar condições melhores. Foi realmente incrível”, comemorou. “A praia de Maresias mostrou todo o seu potencial de surf e os competidores apresentaram todos os tipos de manobras, tubos, aéreos, rasgadas e batidas. O julgamento também foi muito bom e levou essa competição a um nível profissional”, acrescentou.
Vale lembrar que antes do campeonato, os finalistas tiveram várias ações, como treinos em praias vizinhas, o desafio “Tamo Junto” Brasil x Mundo, palestra com o pai de Gabriel Medina falando da experiência de preparar um campeão do WCT e até mesmo um jogo de futebol. No dia 27, Gabriel Medina recepcionou todos os finalistas, com um jantar. Para finalizar a programação, já sem pressão de competição, está prevista uma sessão de surf num “secret spot” no litoral norte, com ida de barco e companhia de Gabriel Medina.
A Final Internacional do Rip Curl Grom Search em Maresias foi apresentada por GoPro – Be a Hero, com apoios de Posca e Coconut’s Maresias Hotel. Colaboração da Federação Paulista de Surf, Prefeitura de São Sebastião, Corpo de Bombeiros, Associações de Surf de Maresias (ASM) e de São Sebastião (ASSS). Cobertura da Revista Fluir e Site Waves, com divulgação da FMA Notícias e realização da Rip Curl.
RESULTADOS FINAIS 2015
MASCULINO
1 Samuel Pupo (BRA)
2 Kei Kobayash (EUA)
3 Lens Arancibia (FRA)
3 Kehu Butler (NZL)
5 Raju Sena (IND)
5 Heitor Duarte (BRA)
7 Gaspar Larragneguy (ARG)
7 Roberto Araki (CHI)
FEMININO
1 Leilani McGonagle (CRI)
2 Jaleesa Vicente (AUS)
3 Caroline Marks (EUA)
3 Raiha Ensor (NZL)
5 Ariane Oshoa (ESP)
5 Kayane Reis (BRA)
7 Lorrana Lima (BRA)
7 Cinta Hansel (IND)
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