O jovem Eduardo Santista Fernandes carrega no nome a homenagem da família ao time que neste domingo (3) promete vibrar  milhares de corações apaixonados na partida contra o Palmeiras, às 16h, na Vila Belmiro, que decidirá o campeão paulista deste ano. É a nona vez em dez anos que o Santos FC disputa o título, mas a torcida se comporta como se fosse a primeira. Ansiedade, nervos à flor da pele e paixão desenfreada que fazem não duvidar da vitória, apesar da vantagem que o Verdão tem de jogar por empate.

Eduardo, de 29 anos, deu sorte. Pela vontade do pai, o comerciante Carlos Eduardo Fernandes, seu nome seria Santos da Vila Fernandes. A avó, sabiamente, impediu. Deu para sentir até onde a paixão de um torcedor pode levar? Dono da Padaria Santista, tradicional reduto da torcida alvinegra no Canal 5, Carlos é um dos que apostam na vitória e crava um placar pra lá de otimista: 4×1.

Seu comércio é frequentado por torcedores e também por ex-jogadores do Peixe, como Serginho Chulapa, Edu e o ex-presidente do clube, Marcelo Teixeira. Ele tem o ponto há 23 anos, mas somente há 13 o lugar ganhou fama e virou atração, com decoração em preto e branco, bandeiras, flamulas e outros adereços, além da estátua de Pelé, que fica em frente.

O comerciante está tranquilo em relação ao jogo deste domingo, “a gente não tem esta rivalidade toda com o Palmeiras”.  Mas nem todo mundo que frequenta sua padaria reza na mesma cartilha, embora mantenham a prudência de permanecer calados. Caso do tricolor Wagner Ferreira e do corintiano Marcelo Almeida, que na manhã de quinta-feira acompanhavam o noticiário esportivo ao lado de Carlos. “Eu já assisti a Santos e São Paulo aqui, mas não me manifestei em momento algum”, confidencia Wagner. Já Marcelo, do arquirrival Corinthians, prefere, nesse caso, assistir em casa.

 

Duelo de Titãs

O fato de o jogo acontecer na Vila Belmiro, a casa do Peixe, não assustou a torcida do Porco. Na manhã de quinta-feira, os 200 bilhetes disponibilizados aos palmeirenses para a grande final acabaram em uma hora. Teve até torcedor que passou a noite na fila para garantir um lugar no estádio. Outros 200 foram direcionados para as bilheterias do Pacaembu. E 950 bilhetes restantes, destinados aos visitantes, foram comprados pelo próprio Palmeiras. 

O Santos esteve em nove finais do Paulistão nos últimos 10 anos e venceu cinco. O Palmeiras venceu a primeira partida por 1 a 0, no último domingo, na Arena Palmeiras, e joga por um empate. Se o Santos vencer por um gol de diferença, independentemente do placar, a decisão será nos pênaltis. Caso faça dois ou mais gols de diferença, o Peixe fica com a taça. 

 

Corações e mentes ligados na Vila

 

Exemplos de torcedores apaixonados pelo Peixe estão por toda a cidade e se espalham pelo país. Torcedor que é torcedor não mede esforços para acompanhar as partidas de perto, fica ao lado do time na alegria e na tristeza, entoa com orgulho as glórias do passado e do presente. Como explicar tamanha paixão por um time de futebol?

O engenheiro Julio Eduardo dos Santos é um deles. “Chegar com seu time à final de um campeonato é sempre motivo de emoção. É adrenalina pura. Para um santista como eu, ver o Santos disputando pela nona  vez uma final do Paulistão na última década a emoção é redobrada. Nesses dez anos, o Santos foi à final nove vezes.  Soube aproveitar e ganhou cinco. Foram jogos eletrizantes e estive em todos eles juntamente com minha família para torcer e vibrar com a nação santista. E, agora, poderemos ganhar a sexta final”, aposta.

Júlio confia na percepção que teve ao assistir ao primeiro jogo da final em São Paulo, no domingo (26).  “Pelo desempenho da equipe em campo, tenho absoluta convicção de que o Santos será vencedor. O Palmeiras teve chances de vencer com um placar maior, mas não soube aproveitar. Um jogo de final é um jogo de oportunidades. Agora, neste domingo, tenho certeza de que o Santos saberá aproveitá-las. Vai partir para cima de seu adversário com garra e determinação desde o início da partida , e sairá da Vila Belmiro com a faixa de campeão”.

O comerciante Tarciso Menezes Lopez tem motivo dobrado para torcer pelo Peixe: santista desde sempre, ele conheceu sua esposa ao viajar para o Uruguai, em 2011, para assistir a uma partida pela Libertadores, campeonato, por sinal, vencido pelo Santos naquele ano. Hoje, o casal vai junto aos estádios. “Meu pai falava na geração Pelé, eu tive uma megassorte, pois vivi a segunda fase gloriosa, com Neymar, Robinho”, diz Tarciso, 29 anos, que ostenta uma grande tatuagem do alvinegro em um dos braços. Para este domingo ele acredita no favoritismo do Santos: “é nossa casa, com a nossa torcida”.