Notícias

Mágoa

03/04/2015Da Redação
Mágoa | Jornal da Orla
Ele era um cardiologista e escritor de sucesso. Mas era uma pessoa desagradável, amarga e enfezada. Isso era de tal forma visível que, durante um voo, a comissária de bordo lhe sugeriu que lesse o livro: Amor e sobrevivência.
Ele ficou envergonhado porque era o autor daquela obra. Escrevera para os outros e não a aplicara para si.

Isso o fez pensar: “Por que sou um homem de maus sentimentos? Sou um dos homens mais importantes da América. Por que tenho mau humor?”

Deu-se conta que era infeliz porque odiava o próprio pai. Ele não fora carinhoso, nunca lhe dera um abraço, nunca o beijara.

Resolveu acabar com isso para poder ser feliz. Telefonou ao pai e informou que, na próxima semana, iria visitá-lo. Deu o número do voo, a data e hora da chegada.

Quando chegou à cidade, o pai não estava no aeroporto. Dr. Dean ficou muito contrariado. Pegou um táxi, foi até a casa.

O pai estava sentado na sala e não se levantou para falar com ele. Aumentou a sua raiva.
-Pai, viajei dois mil quilômetros para falar com você.
E o pai retrucou: -Deve ser um motivo muito forte porque nunca me visitou.
O filho foi ficando mais irritado e resolveu despejar toda sua raiva.
-Vim aqui para lhe dizer umas verdades. Tenho muita mágoa do senhor porque nunca cuidou de mim com ternura. E, agora, embora eu tenha tudo, me sinto infeliz e a culpa é sua.
-Por que a culpa é minha? – Perguntou o pai.
-Porque o pai dos outros é carinhoso e você nunca foi.

Foi o momento do pai ponderar:
-Meu filho, gosto muito de você e agradeço que honre nosso nome. Sou um camponês, trabalho a terra. Você é importante, anda voando em aviões, nas grandes festas. Seu velho pai continua trabalhando com a enxada.
-Você diz que não o abracei, é verdade. Quando sua mãe morreu, você tinha oito anos e resolvi não me casar outra vez para não lhe dar uma madrasta.
-Você não sabe o que foi viver solitário por amor a você. Trabalhei no campo, dia e noite para lhe pagar a faculdade. Você nunca me perguntou como é que consegui o dinheiro. Renunciei a todo o conforto para que o meu filho fosse médico.
-Você se tornou famoso e nunca se lembrou que tinha um pai velho e doente. Como é que você se atreve a vir na minha casa dizer que não gosta de mim porque não lhe dei abraços?
-E por que você, como criança, não me abraçou? Por que você não me beijou?

Dr. Dean despertou: aquele homem extraordinário era o seu herói. Ele morava num lugarejo, continuou trabalhando, respeitando o carinho do filho ingrato. Abraçou-o e pediu perdão.
-Nunca o perdoarei – Foi a resposta.
-E por que não?
-Porque nunca tive mágoa de você. Na condição de pai, sempre o amei. Sei que você era muito inteligente, mas não tinha experiência da vida, que se adquire através do sofrimento e do trabalho. A sua casa continua aqui, meu filho, e o seu pai continua o mesmo.

Concluiu o Dr. Dean: “Naquele dia me libertei do orgulho e do egoísmo. Agora, tudo que ensino aos outros, eu faço, porque encontrei a razão da vida”.

[com base em fatos da vida do Dr. Dean Ornish e da Redação do Momento Espírita]

Muitas vezes carregamos mágoas tolas, amargurando a própria vida. Nada melhor do que um diálogo franco, aberto, para se ajustar detalhes e melhorar relacionamentos.

De acordo com as culturas orientais, a nossa felicidade é sustentada por um tripé que devemos cultuar ao longo de toda vida: perdão, gratidão e oração.

Vamos aproveitar a Páscoa para refletir melhor sobre nossas atitudes. Feliz Páscoa?!
 
PAZ, SAÚDE E PROSPERIDADE