2015 já começou com polêmica na telinha. E justamente com a atração que abriu a programação especial do aniversário de 50 anos da Rede Globo.

O bochicho foi causado pela edição de “Tim Maia: Vale o que Vier”, que trouxe modificações em relação à versão original do filme dirigido por Mauro Lima.

A emissora dividiu o longa-metragem em duas partes, suprimiu trechos e adicionou comentários de pessoas que conviveram com o cantor. Incluiu testemunhos de amigos famosos como Roberto Carlos e Erasmo Carlos, que formaram com Tim seu primeiro grupo, “Os Sputniks”, quando ainda eram adolescentes.
 

O filme é baseado na biografia “Vale tudo: O som e a fúria de Tim Maia”, de Nelson Motta (que também fala na minissérie). Na obra, Roberto é retratado como uma pessoa individualista e arrogante, que chegou a humilhar Tim quando este, sem um tostão furado, procurou o “rei” pedindo ajuda para impulsionar a carreira. 
 

Pois, para surpresa de quem já tinha visto a fita, a Rede Globo (produtora do longa) simplesmente cortou essa sequência. E, ao incluir depoimentos positivos, limpou a barra de Roberto, mostrado como o grande responsável por lançar Tim Maia no mundo artístico.
 

O mais impressionante foi ver Nelson Motta se sujeitar a isso, desmentindo a própria biografia que escreveu, e transformando Roberto Carlos em herói.
 

De fato, o ex-garoto-propaganda da Friboi ajudou ao gravar o hit “Não vou ficar”, composto por Tim Maia, mas só depois de uma série de situações no mínimo constrangedoras pelas quais o soulman passou ao tentar entrar em contato com o “rei”.  
 

A edição de Globo recebeu uma saraivada de críticas na internet, incluindo o diretor Mauro Lima – que desceu a lenha em sua conta no Instagram, para depois dar uma suavizada no tom.
 

Mas será que alguém ainda se surpreende com esse tipo de postura manipuladora vinda da rede dos Marinho?
 

Neste caso, de um lado temos um queridinho com quem o canal mantém uma parceria há décadas. Do outro, um doidão sem papas na língua que em seus últimos anos de vida esculhambou a Globo em entrevistas sempre que pôde. Entre outras coisas, Tim Maia se dizia boicotado pelos veículos-empresa – persona non grata no jornal, rádio e tevê.
 

Pois é. Assim, a Rede Globo inicia seus 50 anos sem fugir às suas tradições…