Clara Monforte

Olhos nos olhos com Oscar Martins

14/11/2014
Olhos nos olhos com Oscar Martins | Jornal da Orla
De advogado pós-graduado em Direito Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas, e em Gastronomia pela universidade Anhembi-Morumbi, OSCAR MARTINS tornou-se um grande sommelier, e não hesita ao afirmar que é admirador incondicional desta bebida. No restaurante Van Gogh, entre outras atividades, promove a seleção da adega e constantes degustações de marcas famosas.
 
O verão se aproxima. É usual tomar vinho nesta estação? 
Sim, claro.
 
Quais você indica? 
Brancos e rosés são obrigatórios em um clima como o nosso. Mas os tintos jovens e leves também são bem-vindos
 
Vinhos de sobremesa são comuns na nossa cultura? 
São pouco consumidos. O interesse maior do santista é investir no vinho para acompanhar o prato principal. 
 
Quais você indica? 
Família Deicas Botrytis Noble, um uruguaio que custa bem menos que os famosos húngaros, um pouco mais caro que os básicos, e surpreende aos mais exigentes.
 
Os vinhos são mesmo como perfumes? A escolha tem a ver com a personalidade da pessoa? 
Apesar de estudos na Austrália, França e Inglaterra correlacionarem o tipo de vinho que a pessoa prefere com a sua personalidade, eu acho isso relativo. Vejo exceções a essa regra todos os dias. O perfume segue melhor essa regra.
 
Um bom vinho também se reconhece pelo cheiro? 
O exame olfativo é fundamental. Um bom vinho desenvolve um conjunto de aromas, primários, secundários e terciários que geralmente é proporcional à sua qualidade. Aromas desagradáveis significam vinhos de qualidade inferior ou com defeito.
 
Você diz que é mais importante a pessoa se harmonizar com o próprio vinho do que se preocupar com a harmonização técnica. Por quê?  
No meu segmento eu vendo um vinho e acompanho o cliente no seu consumo, portanto, não posso forçar uma venda para seguir à risca a parte técnica. Nós deciframos o que o cliente precisa. Ficaria deselegante e inconveniente me ater somente à parte técnica, querer passar informações em excesso que muitas vezes ele já sabe, ou não quer saber e me esquecer das preferências de cada um que atendo.
 
Segundo o seu gosto pessoal, qual o melhor do mais caro, e o melhor do mais barato? 
Melhor do mais caro: são os que eu já provei e seu valor é maior do que seu preço. Não posso falar de vinhos que nunca bebi. E o melhor do mais barato: são os que tenho em carta hoje, na minha seleção de vinhos até R$59. Faço uma seleção super-rigorosa.          
 
Quais os critérios básicos para avaliar se um vinho é de qualidade, ou não? 
A análise visual, olfativa e gustativa são indispensáveis. Nós fazemos isso antes do vinho ingressar em carta, geralmente em grupo de degustações.