Hospitais, universidades, agências bancárias, restaurantes, supermercados, edifícios altos e um centro de compras charmoso e familiar. O bairro do Boqueirão, um dos mais agradáveis de Santos, completa 54 anos neste sábado (25).
Boqueirão é um termo de origem indígena, que significa “boca grande”. Os registros de sua primeira utilização remetem ao início do século 19, quando a maior parte da população santista morava no Centro e costumava ir à praia pelo Caminho Velho da Barra (atuais ruas Brás Cubas, Luís de Camões e Oswaldo Cruz).
Ao longo do tempo, muitas transformações aconteceram. A avenida Conselheiro Nébias abrigou, no passado, notáveis chácaras, como o Parque Indígena Júlio Conceição (localizado na esquina da praia, foi de onde originou o acervo de orquídeas do Orquidário Municipal), atualmente está verticalizada por prédios modernos.
A presença de faculdades no bairro revela-se pela movimentação de estudantes entre as ruas Oswaldo Cruz e Lobo Viana. Apressados, com seus pesados livros, ou reunidos em bares, os futuros médicos, engenheiros, fisioterapeutas são uma das marcas do local. A outra referência, certamente, é o Super Centro Comercial do Boqueirão, considerado o primeiro shopping de Santos, que ainda abriga lojas tradicionais, como a Gardênia Flores, presente há mais de 40 anos no local.
Mas é na orla da praia que o Boqueirão fica ainda mais bonito. Diariamente, o pôr do sol colore, de tons alaranjados, a Pinacoteca Benedicto Calixto, o Monumento aos Imigrantes Japoneses e, claro, o Relógio de Sol, localizado entre a Conselheiro e o Canal 3.
No passeio de sábado à noite, a “feira hippie” é ponto de encontro para os que apreciam artesanato e lanchinhos, como churros, pastéis, além do acarajé baiano e tempurá japonês, que caíram no gosto dos santistas.
O Boqueirão reúne história, tradição, modernidade e está em constante reinvenção. Charmoso, à sua maneira.
Pioneirismo no conceito prédio-clube
O Boqueirão foi o primeiro bairro de Santos a ter luxuosos prédios na orla da praia. O edifício Parque Verde Mar, obra do arquiteto João Artacho Jurado, mudou os conceitos de engenharia civil na década de 50 e se tornou sinônimo de luxo no País.
Construído com a intenção de receber a burguesia paulistana que desejava um retiro no litoral, o prédio possuía cassino, plauground e salas de leitura. Os elementos decorativos e cores na fachada também chamaram atenção dos santistas na época.
Tamanha era a novidade que o Verde Mar se tornou parte do roteiro turístico da cidade. Seu formato em “T” trouxe a possibilidade de vista para a praia pelos moradores dos apartamentos do fundo. Outra extravagância para aqueles tempos eram os oito elevadores que o prédio possui.
A criação de Artacho inspira, até os dias atuais, a construção de obras ainda mais luxuosas no Boqueirão, como edifícios com um apartamento por andar, lavanderia, academia, sala de cinema e brinquedoteca.
