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Papa revela prioridades

10/10/2014Jornal da Orla
Papa revela prioridades | Jornal da Orla
Em entrevista ao programa Jornal da Orla na TV, o ex-prefeito de Santos, João Paulo Tavares Papa, eleito deputado federal pelo PSDB com 117.590 votos, diz que já iniciou contatos com os prefeitos da região metropolitana da Baixada Santista para discutir soluções para os problemas comuns, e revela quais são as prioridades de seu mandato. Abaixo, os principais trechos da entrevista:
 
A que o senhor atribui sua expressiva votação?
João Paulo Tavares Papa – Nós tivemos um período de campanha eleitoral muito rico, e para mim, particularmente,  foi muito bom correr a Baixada Santista, conhecer e me atualizar a respeito dos problemas, dar soluções dos desafios da nossa região. Eu pratiquei durante a campanha eleitoral aquilo que pensei ser o melhor para o país que é o voto distrital. Minha campanha foi feita aqui na Baixada Santista, 100 mil votos foram obtidos na região metropolitana da Baixada Santista. O restante, evidentemente, espalhados pelo estado, pela grande SP, em função da minha atividade profissional na área pública de cerca de 30 anos. Também tive um apoio importante e muito especial pra mim do setor de saneamento. Agora, a área territorial, os meus compromissos, o meu trabalho futuro se darão todo ele aqui na Região Metropolitana da Baixada que, como eu disse durante a campanha, tem muitos problemas e precisa de muita ajuda. E eu, dessa maneira, fico também à vontade para trabalhar quase que exclusivamente pela nossa região. 
 
O senhor pretende se reunir com os prefeitos da região metropolitana? Ver quais são as reivindicações dos prefeitos, definir prioridades de mandato? 
Papa – Já estou fazendo isso. Visitei o prefeito Paulo Alexandre,  tivemos uma longa conversa sobre o futuro de Santos, projetos, como nós podemos apoiá-lo nisso; visitei a prefeita do Guarujá, Maria Antonieta, já conversei pessoalmente com o prefeito (de São Vicente) Bill.. Nos próximos dias estarei visitando todos os demais prefeitos da região, independentemente do partido, e, por telefone, já conversei com vários deles. Conversei e agradeci muito o prefeito de Mongaguá, o Arthur, o prefeito Marco Aurélio, de Itanhaém. Então aos poucos a gente está criando essa que será uma relação muito forte e permanente ao longo do mandato. Tenho procurado também conversar com os deputados eleitos. Conversei pessoalmente com o deputado Beto Mansur, conversei por telefone com Marcelo Squassoni, que foi eleito  com a base eleitoral de Guarujá, conversei com Caio França, conversei com Cássio Navarro e já conversei por telefone também com o Paulo Correa. Três deputados Federais e três deputados Estaduais é uma bancada considerável.. 
 
Mas o senhor não acha que a Baixada Santista perdeu a chance de ampliar essa bancada, ao votar em candidatos de fora, sem compromisso com a região?
Papa – Eu iria além. Nós perdemos a chance de ampliar a bancada, mas nós corremos um sério risco de ter a nossa bancada ainda reduzida e esse risco foi real.   E por que isso acontece? Porque a Baixada Santista não teve e não tem tido, historicamente, um comportamento politico, maduro, em termos de região. Cada município acaba fazendo o seu projeto, a região lança muitos candidatos, pulveriza os votos e também abraça, apoia, recebe muitos candidatos de fora. Você colocou bem: a questão não é o candidato ser ou não ser de fora, mas candidatos, que não têm relação e compromisso com a região, vieram aqui e conseguiram  amealhar uma quantidade de votos suficientes para eleger um ou dois deputados federais, isso é muito grave. 
 
Quais serão suas prioridades como deputado federal?
Papa – Eu vou exercer no meu mandato as prioridades que eu colhi durante a campanha eleitoral da própria população da Baixada Santista. São algumas coisas que estão recorrentes, mas que estão cada vez mais fortes na cabeça e na vida das pessoas: a primeira, a questão da saúde. A saúde da região metropolitana da Baixada Santista não vai bem. Nós temos deficiências e já estão muito claramente identificadas. Exemplo, São Vicente. O segundo maior município em população da Baixada não tem um hospital público. Então não precisa estudar mais nada, São Vicente precisa trabalhar as lideranças, todos nós devemos trabalhar rapidamente para dotar o município de São Vicente de um hospital à altura das necessidades da população até para aliviar o sistema aqui de Santos, para organizar melhor a demanda, então esse é um ponto importante. Também o município de Itanhaém tem um hospital que está  agora em ampliação e que vai ter a sua capacidade de atendimento triplicada. Trabalhar para que essa obra termine e que o custeio, ou seja, o recurso necessário para manter o hospital operando seja garantido. Ali é um hospital para a região Sul da Baixada Santista, por isso tem que ser feito o mais rápido possível. Então saúde é um ponto que temos que criar a mobilização necessária: deputados federais, estaduais, prefeitos, trabalhando no mesmo sentido. Isso certamente ajuda para que a solução seja mais rápida.
 
Qual seria outra prioridade?
Papa – É a questão econômica: a Baixada é composta por nove municípios apenas, mas tem 1 milhão e 700 mil habitantes e há uma excessiva concentração de empresas, de oferta de trabalho aqui na região central que é Santos. Nós temos que trabalhar em conjunto e aí não tem jeito. Tem que ser um trabalho regional, um trabalho articulado, integrado, para que as cidades das pontas, especialmente aqui na região Sul – São Vicente, Praia Grande, Itanhaém, que é uma cidade que o município tem muita área, comecem a ter também as suas próprias alternativas econômicas. Se isso não acontecer nós vamos viver sempre do Porto, que é muito importante, e do Turismo Balneário – aquele que depende do sol e do clima.
 
Na área de Educação, Santos tem o título de cidade educadora. O senhor acha que as outras cidades da região podem seguir o exemplo e também ganhar esse selo?
Papa – Devem lutar por isso. Eu defendo o ensino integral, vou levar na Câmara Federal, como professor, como educador que sou, vou me aproximar da bancada da educação. Quero ter uma atuação firme na área da educação que é o que pode transformar o país. E eu vejo dois pontos ainda que são essenciais: trabalhar para implantação gradativa do ensino do tempo integral na educação básica, como fizemos em Santos, e os resultados são espetaculares, fazer isso para todo Brasil e trabalhar o ensino médio.  Então eu defendo,  urgentemente, um choque no ensino médio. O ensino médio brasileiro tem que ser todo ele profissionalizante. O jovem que começa o antigo colegial do nosso tempo, hoje o médio, com alguma profissionalização não precisa ser nada muito sofisticado com laboratórios de química, petróleo, não. Também é importante isso, mas uma profissionalização mínima traz mais otimismo ao jovem e oferece oportunidade. Já sabe que dali começa uma carreira, que depois vai ajudar a custear a faculdade, por exemplo. Na Baixada, eu percebi que tem milhares de jovens no ensino médio na escola pública que quando você compara com aquele que estão na escola pública estadual, porém que é técnica, você percebe a diferença: um já esta olhando seu futuro com perspectivas otimistas e reais de poder fazer a sua vida, família, enfim, e outro está na esquina parado porque a educação básica do Ensino Médio, ela não é atrativa mais, a pessoa não quer nem ficar na escola, até se puder vai bolar aula. Então acho que esse é um ponto nevrálgico do Brasil inteiro: um choque de qualidade e profissionalização no Ensino Médio. 
 
Na área de segurança, o que é possível fazer para reduzir a criminalidade?
Papa –A criminalidade no Brasil e na Baixada está associada à má educação, à falta de perspectivas dos jovens, à fragilidade da urbanização de toda a região. Nós temos muitas favelas e alguns municípios têm um terço da população residindo em favela, com todos os riscos que uma ocupação dessa natureza traz pra população. Então a criminalidade não é questão apenas de policiamento. Mais polícia na rua é sempre bom e é o que a população pede como medida emergencial. Agora, a questão de fundo é urbanizar adequadamente as cidades, oferecer boas políticas de educação. E as oportunidades vêm com uma boa educação. 
 
Para que as pessoas não sejam presas fáceis para os bandidos….
Papa – Para que  o crime e a droga não sejam alternativas de ganho de vida, como infelizmente é hoje para milhares de pessoas.

Confira a entrevista completa no Orla TV