Depois de um primeiro turno sangrento, em que a candidata Marina Silva (PSB) foi abatida por uma onda de boatos e mentiras, espalhados pela campanha petista, de que iria acabar com projetos sociais, como o Bolsa Família, Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) iniciam a batalha final em condições de igualdade. O tempo é o mesmo, 10 minutos para cada, no programa eleitoral no Rádio e na Televisão, e as primeiras pesquisas divulgadas quinta-feira à noite pelos institutos Datafolha e Ibope apontam situação de empate técnico, com vantagem numérica de apenas dois pontos percentuais para o tucano.
Como já era esperado, a campanha petista partiu para o ataque, afirmando em seus comerciais que Aécio Neves é o candidato dos ricos e dos poderosos e que sua eleição significará arrocho salarial para os trabalhadores e dificuldades para as classes menos favorecidas. O tucano retrucou destacando a roubalheira desenfreada na Petrobras durante os governos Lula e Dilma. As afirmações são endossadas pelos depoimentos à Justiça do ex-diretor da estatal, Paulo Roberto Costa, e do doleiro Alberto Yousseff, que resolveram abrir o bico após acordo de “delação premiada” com a Justiça. Segundo os delatores, três partidos se beneficiaram da roubalheira: PT, PMDB e PP, além de 14 empresas que teriam recebido milhões em contratos superfaturados com a Petrobras.
País dividido
O resultado do primeiro turno e as primeiras pesquisas eleitorais mostram um país dividido: Dilma vence nas regiões norte e nordeste, onde os programas sociais como o Bolsa Família têm maior peso na vida das pessoas, e Aécio ganha nas regiões sul,sudeste e centro-oeste. Como a disputa está apertada e a vantagem de Aécio é de apenas dois pontos percentuais (51% a 49% de votos válidos segundo os dois institutos), dentro portanto da margem de erro, que também é de dois por cento, para mais ou para menos, a expectativa é de acirramento na reta final, com troca de chumbo de ambas as partes. Melhor tirar as crianças da sala.
Apoios
Com relação aos apoios, o tucano saiu na frente: conseguiu a adesão do PSB, partido de Eduardo Campos e que abrigou Marina, e dos candidatos Pastor Everaldo, Eduardo Jorge e José Maria Eymael. E, neste sábado, Aécio estará reunido no Recife com Renata Campos, a viúva do candidato Eduardo Campos, morto em acidente aéreo em Santos. Renata tem grande influência política em Pernambuco e pode ajudar o tucano a reduzir a grande diferença que o separa de Dilma no Nordeste.
E Marina?
Terceira colocada no primeiro turno, Marina Silva resolveu impor uma série de exigências para apoiar Aécio Neves na reta final. Entre elas a de que o tucano abandone uma de suas principais bandeiras: a de redução da maioridade penal para crimes hediondos. Ficou difícil, haja vista que essa proposta tem o apoio de ampla maioria da população brasileira.
É possível que Marina se decida pela neutralidade, como na eleição de 2010, mas seus eleitores não. Segundo pesquisa Datafolha, dos que votaram em Marina 66% optam por Aécio e 18% ficam com Dilma. Outros 10% se declaram indecisos e 6% afirmam que vão votar branco ou nulo.
Debates
Os debates tendem a ser decisivos nessas circunstâncias. Afinal, até o momento quem tem dado as cartas são os marqueteiros. No confronto direto, os dois candidatos terão a oportunidade não apenas de apresentar suas ideias e propostas com mais tempo, como poderão questionar eventuais equívocos e promessas inexequíveis do adversário(a). Aécio certamente vai explorar os escândalos registrados no governo do PT e o fato de algumas das principais lideranças do partido estarem no presídio da Papuda, por corrupção; já Dilma deve insistir que Aécio significa o retrocesso, uma volta ao passado e acusá-lo de ser o representante das elites.
O fato é: quem se sair melhor nos debates irá ampliar suas chances de chegar ao Palácio do Planalto.
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