Era uma vez um médico que conversava descontraído com o enfermeiro e o motorista da ambulância. O uniforme do médico e do enfermeiro eram parecidos. Uma senhora elegante chega e, de forma ríspida, pergunta:
– Vocês sabem onde está o médico do hospital?
Com tranqüilidade, o médico respondeu:
– Boa tarde, senhora! Em que posso ser útil?
Ríspida, ela respondeu:
– Será que o senhor é surdo? Não ouviu que estou procurando pelo médico?
Mantendo-se calmo, contestou:
– Boa tarde, senhora! O médico sou eu, em que posso ajuda-lá?
– Como? O senhor? Com essa roupa?
– Ah, senhora! Desculpe-me. Pensei que a senhora estivesse procurando um médico e não uma vestimenta…
– Oh, desculpe, doutor! É que… vestido assim, o senhor nem parece um médico…
– Veja bem as coisas como são. Roupa parece não dizer muitas coisas, pois quando a vi chegar, tão bem vestida, pensei que a senhora fosse sorrir educadamente para todos e depois daria um “boa tarde”.
[autor desconhecido]
Como se vê, um dos mais belos trajes da alma é a educação e a humildade. Durante o sermão da montanha, o mestre Jesus afirmou: “bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.” Ainda hoje, muito se fala sobre tal ensinamento. No entanto, tal ensino, como tantos outros, resta ainda incompreendido pelos homens.
O que, afinal, o mestre pretendia proclamar?
Jesus proclama que o Grande Arquiteto do Universo quer espíritos ricos de amor e pobres de orgulho. Os espíritos ricos são aqueles que acumulam os tesouros que não se confundem com as riquezas da terra. Seus bens não são jamais corroídos pelas traças, tampouco podem ser subtraídos pelos ladrões. Os “pobres de espírito” são os que não têm orgulho. São os humildes, que não se envaidecem pelo que sabem, e que nunca exibem o que têm.
A modéstia é o seu distintivo, porque os verdadeiros sábios são aqueles que têm ideia do quanto não sabem. Sem a humildade nenhuma virtude se mantém. A humildade é o propulsor de todas as grandes ações em todas as esferas de atuação do homem. Os humildes são simples no falar. São sinceros e francos no agir. Não fazem ostentação de saber, nem de santidade. A humildade, tolerante em sua singeleza, compadece-se dos que pretendem afrontá-la com o seu orgulho.
Foi esta a pobreza que Jesus proclamou: a pobreza de sentimentos baixos, representada pelo desapego às glórias efêmeras, ao egoísmo e ao orgulho. Muitos são os que confundem humildade com servilismo. Ser humilde não significa aceitar desmandos e compactuar com equívocos. Ser humilde é reconhecer as próprias limitações, buscando vencê-las, sem alarde, nem fantasias. É buscar, incansavelmente, a verdade e o progresso pessoal, nas trilhas dos exemplos nobres e dignos.