Clara Monforte

Olhos nos olhos com Simone Padron

25/07/2014
Olhos nos olhos com Simone Padron | Jornal da Orla
A música é algo que passa de geração em geração na família da cantora santista SIMONE PADRON, que apresentou na noite da última quinta, no Teatro Guarany, o show “Quando o Amor Acontece”, em homenagem ao veterano João Bosco. Pouco antes de se preparar para o show, ela, com o frio na barriga típico das grandes estreias, concedeu esta exclusiva.

A cidade perdeu uma psicóloga, mas ganhou uma cantora, como foi isso?
A música sempre esteve em meu sangue, na veia mesmo, e eu já tinha pessoas que trabalhavam profissionalmente na família. Comecei estudando piano clássico, mas vi mesmo que queria cantar. Começou muito cedo. Dos 19 para os 20 anos, eu trabalhava como cantora na noite e estudava psicologia pela manhã em uma universidade em Santo André. Pegava ônibus fretado, saía de casa às 5h30 para estar na classe às 7h e dormia nas aulas. Até que decidi parar e viver de música. Aliás, sem música, não vivo.

Isso faz quanto tempo?
Comecei com 19 para 20 anos. Faço 30 anos de carreira em 2016. Eu tenho um CD gravado com músicas autorais, e outro com músicas mais conhecidas para mostrar meu trabalho. Mas são gravações caseiras, não foram lançados.
 
Por que com quase 30 anos de carreira não tentou uma gravadora?
Porque em todos esses anos, agora que eu estou conseguindo parar. Este show, por exemplo, só tive tempo de parar para fazer agora. Optei pela sobrevivência, trabalhei durante muitos anos como cantora de navio, que tem um retorno melhor do que em terra. Fiz esse trabalho na década de noventa, pelo Brasil e por toda a Europa. Do ano 2000 para cá, atuei todos os anos. Então, durante muito tempo, engrenei nessa vida de embarque e desembarque. Não tive tempo para parar e fazer algo.
 
Mas você já fez um show em homenagem a Milton Nascimento…
Sim, foi em 2012, porque tenho verdadeira paixão pela obra dele, que está presente em minha vida desde que eu comecei a pensar em cantar. Também tem a Fátima Guedes… tenho muita identificação com os cantores mineiros.
 
E por que agora João Bosco?
Justamente por admirar e gostar do que ele canta. Além disso, ele é mineiro (risos). No repertório dele, há canções bem românticas. As músicas que falam de amor sempre têm a ver com a história de alguém. “Memória de Pele” e “Papel Marché”, que constam no repertório do show, comprovam isto.
 
E como é dividir o palco com a filha?
É natural, porque desde pequenininha a Nataly (Alves) canta. Hoje ela está com 26 anos, é uma emoção muito grande. A música, na minha família, é algo passado de geração em geração. Meus tios cantavam na noite, ela era atriz e se apresentava na rádio, ele gravou um LP de 78 rotações, sabe aqueles bem grossos?
 
E, a exemplo do título de seu show, “quando o amor acontece”?
(risos) De muitas maneiras! (risos) Quando o amor acontece? Realizando essa manifestação (de amor) por meio da música, para o público que está assistindo!