Os ânimos se acirraram na cobertura da Copa do Mundo. Não bastasse a chegada das partidas eliminatórias, que por si só já costumam ser mais tensas, com o afunilamento da disputa, veio a contusão de Neymar num lance que ainda gera discussão.
A ação do colombiano Zuñiga que provocou fratura numa vértebra do brasileiro foi maldosa ou uma entrada brusca imprudente?
As opiniões na imprensa esportiva divergem, mas de qualquer forma não justificam o destempero verificado em alguns meios, que me lembrou algo debatido neste espaço há um bom tempo: a responsabilidade de quem tem um microfone nas mãos e emite opiniões em rede nacional.
Tudo bem que a torcida se revolte (até certo ponto), pois não é fácil separar o emocional do racional quando se fala de futebol. Mas o papel que se espera da mídia é justamente o de conseguir separar as coisas. Na Globo (sempre ela…), Zuñiga recebeu um “linchamento”. Se já não bastasse o descontrole durante a transmissão da partida, Galvão Bueno disse no programa “Central da Copa” que o colombiano praticou um “atentado contra o futebol… Maldade pura”. E o humorista Marcius Melhem chamou Zuñiga de “marginal”.
Aí, no sábado, veio Luciano Huck colocar mais lenha na fogueira em seu “Caldeirão”: “Não era a cena que gostaríamos de ver jamais. Um carniceiro tira o sangue de um moleque iluminado de 22 anos…”.
Concomitantemente, o ódio se espalhava na internet. Além de ofensas racistas contra Zuñiga, seu perfil no Instagram foi invadido, sobrando xingamentos impublicáveis para a mãe e a filha de 2 anos do jogador.
Essa reação torpe explicita o quão baixo os covardes que fazem uso de redes sociais podem chegar – e a parcela inconsequente da mídia tem sua parte de culpa nisso.
No final das contas, apesar da entrada violenta que alijou Neymar do Mundial, o colombiano não foi punido pela FIFA. Aliás, a entidade também deixou passar o lance em que o francês Matuidi quebrou a tíbia do nigeriano Onazi. Só sobrou mesmo para o “mordedor” Luis Suarez.
Disseminado – Deve-se ressaltar que o comportamento midiático destemperado não constitui um “privilégio” nosso. Na América Latina, é comum perder-se a noção em transmissões de futebol.
Pra ficar no mesmo jogo, jornalistas colombianos também desaprovaram a atuação do árbitro espanhol Carlos Velasco no duelo contra o Brasil. A principal reclamação: ele teria feito vistas grossas ao ver o camisa 10 James Rodriguez ser “caçado” em campo. E houve quem não poupasse palavrões para “elogiar” o juiz!
Meses atrás, o astro da seleção Falcão Garcia torceu ao joelho durante uma partida do Campeonato Francês. A contusão o tirou da Copa, e o atleta envolvido na jogada (que deu um carrinho imprudente tentando tirar a bola) foi execrado por parte da imprensa na Colômbia e atacado nas redes sociais, a exemplo do ocorrido por aqui com Zuñiga.
Mudando de assunto – Você sabia que a ex-jogadora de vôlei Ana Moser venceu a edição de “O Aprendiz Celebridades”?
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