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Cientista político prevê disputa acirrada para o Planalto e Palácio dos Bandeirantes

13/06/2014Jornal da Orla
Cientista político prevê disputa acirrada para o Planalto e Palácio dos Bandeirantes | Jornal da Orla
É o que afirmou, no programa Jornal da Orla na TV, o cientista político Marcelo Di Giuseppe, coordenador do Ibespe (Instituto Brasileiro de Estudos Sociais, Política e Estatística), após avaliar as últimas pesquisas eleitorais. Na disputa presidencial, Di Giuseppe acredita que haverá segundo turno entre Dilma e o senador Aécio Neves, e, em São Paulo, se houver segundo turno, ele afirma que será entre Alckmin e o candidato do PMDB, Paulo Skaf. Ele não acredita que o virtual candidato do PT, o ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, possa decolar. Confira abaixo os principais trechos da entrevista: 
 
A campanha eleitoral começa depois da Copa, mas como o senhor avalia as últimas pesquisas eleitorais para a presidência da República?
 
Marcelo Di Giuseppe – A campanha se consolida com a televisão. E o fato de a presidente ter tempo maior na TV representa uma vantagem muito grande. Esse é o primeiro ponto. O segundo são os programas sociais. Porque a realidade de São Paulo é muito diferente da realidade do Piauí, do Maranhão…Então, os programas sociais vão ter um peso muito grande. O marketing político também é muito forte e deve pesar.
 
O senhor comanda um instituto de pesquisas que avalia os anseios da população. O que o brasileiro espera do futuro presidente?
Di Giuseppe – Infelizmente a população se baseia no estado patrão, no estado pai. Isso é um mal que nós temos em toda a América Latina e não apenas no Brasil.
 
O eleitor ainda insiste no paternalismo?
Di Giuseppe – Demais. Então, se eu tenho um governo que me ajuda muito, eu quero esse governo.
 
Quais são as maiores reivindicações dos eleitores?
Di Giuseppe – O grande problema hoje é saúde e segurança. Aí nós vamos para um problema sério: na saúde, o prefeito depende muito do apoio do governo Federal e na segurança, do governo do Estado. Então, os prefeitos acabam sofrendo demais. Logo, os grandes anseios da população são: assistência social, saúde e segurança.
 
E onde fica a Educação?
Di Giuseppe – Olha, é triste dizer isso, mas quando perguntamos, qual é o maior problema da sociedade, do seu bairro, a educação nunca passa de 5%. As pessoas creem que a educação nunca é um problema para elas.
 
As últimas pesquisas eleitorais apontam que a eleição para presidente pode ser definida no segundo turno… 
Di Giuseppe – Há um ano o Ibespe já tinha cravado isso, de que haverá segundo turno, contra muitas opiniões. E isso por conta dessa polarização histórica (entre PT e PSDB) que existe e porque ele (o senador Aécio Neves) vem fazendo o papel de oposição.
 
E o candidato do PSB, o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos?
Di Giuseppe – Se você esteve tanto tempo lá, qual o seu discurso? O Eduardo Campos é um candidato novo, que eu gosto muito, tem muitas ideias boas, mas ficou sem discurso.
 
Então o senhor acredita que haverá segundo turno e a disputa ficará entre Dilma e Aécio?
Di Giuseppe – Sim, vou mais longe e volto a dizer que não sou vidente. No segundo turno, a Dilma leva vantagem em razão dos projetos sociais e da realidade do Nordeste. E se ganhar vai ser a primeira presidente que não deverá ter vitória em Minas Gerais, que será eleita contra a vontade do mercado e com um índice de bom e ótimo abaixo de 34%. Se tudo isso se confirmar, será uma presidente para entrar para a história porque é uma eleição totalmente fora do comum.
 
E como o senhor avalia a eleição para o governo de São Paulo?
Di Giuseppe – Da mesma forma que no governo Federal, não haverá facilidades para o governador. A gente percebe, já há algum tempo, que o grande concorrente dele será o Paulo Skaf, do PMDB, que tem grande potencial de crescimento. 
 
O fato de o Paulo Skaf ter usado a FIESP em benefício próprio não pode se voltar contra ele?
Di Giuseppe – Eu entendendo que não. Ele realmente soube usar, até ser punido, o fato de estar à frente da FIESP. É um discurso muito fácil: olha, se eu tomo conta da FIESP e consigo fazer tanta coisa, imagina no governo. E todo mundo, o PT, o PMDB, vai virar suas armas para cima do governador, que vai ter de mostrar o que fez. Como o governador é muito forte no interior, e aqui no litoral, ele leva vantagem. Mas o governador terá de explicar questões como a água e segurança.
 
E como fica o candidato do Lula e do PT, o ex-ministro Alexandre Padilha?
Di Giuseppe – O potencial de crescimento dele hoje é menor que o do Skaf. A imagem do PT vem se deteriorando nos últimos 12 anos, e o Padilha vai sofrer por isso.
 
E esses escândalos envolvendo a Petrobras e deputados do PT? Terão reflexos nas eleições?
Di Giuseppe – Infelizmente, baixo.
 
Para concluir, o senhor acredita, então, que teremos eleições emocionantes tanto para presidente da República como para o governo de São Paulo?
Di Giuseppe – Duas eleições bem apertadas, mas entendo que os candidatos da situação se manterão.