Fronteiras da Ciência

Opção por dar à luz

28/05/2014
Opção por dar à luz | Jornal da Orla
Emília pertencia a uma família de classe média em um país europeu que sofria crises e carestias depois de uma prolongada guerra nacional. Fome e epidemias ameaçavam a toda a população polonesa. Desde pequena, ela tinha uma saúde frágil e não melhorava devido às condições em que vivia. Era ainda muito jovem quando se casou com um operário têxtil e se estabeleceram em uma cidadezinha nova, longe de familiares e conhecidos: Wadovice, a 30 quilômetros de Cracóvia.
Pouco tempo depois nasceu seu primeiro filho, Edmundo, um garoto belo, bom aluno, atleta e de personalidade forte. Chegaria a se formar em medicina. Alguns anos mais tarde, em 1915, Emilia deu à luz uma menina, que só sobreviveu poucas semanas, por causa das más condições de vida da família.
Catorze anos depois do nascimento de Edmundo, e quase dez da morte de sua segunda filha, Emilia se encontrava em uma situação particularmente difícil. Tinha cerca de 40 anos e sua saúde não havia melhorado: sofria severos problemas renais e o sistema cardíaco se debilitava pouco a pouco, devido a uma doença congênita. Além disso, a situação política do seu país era cada vez mais crítica, pois havia sido muito afetado pela recém-terminada 1ª Guerra Mundial. Viviam com o indispensável, a incerteza e o medo de que se instalasse uma nova guerra.
Justamente nessas terríveis circunstâncias, Emília percebeu que estava grávida novamente. Apesar de o acesso ao abortamento não ser fácil naquela época, e naquele país tão pobre, existia a opção e não faltou quem se oferecesse para praticá-lo. Sua idade e sua saúde faziam da gestação um alto risco para sua vida. Além disso, sua difícil condição de vida lhe fazia perguntar-se: que mundo posso oferecer a este pequeno? Uma vida miserável? Um povo em guerra?
Alguns anos mais tarde, aconteceria a 2ª Guerra Mundial e, em 1941, o pai da criança que estava por nascer também perderia a vida. Contudo, apesar de todas as dificuldades, Emilia optou por dar à luz seu filho, a quem chamou de Karol.
Ele foi o único sobrevivente da família. Aos 21 anos ficou na terra sem os pais e os irmãos. Este menino morreu ancião recentemente e, em vida, cada vez que visitava algum país e passava por suas ruas, milhões de gargantas exaltadas, gritavam:
-João Paulo II, nós te amamos!
Com vários problemas de saúde, o papa João Paulo II confessou que somente se sustentava pela força da oração dos que oravam por ele. A jovem Emília podia ter decidido por não permitir o nascimento daquele terceiro filho. Mas que grande homem teria perdido o mundo!
Pense nisso e jamais diga não à vida! Não importam as situações adversas, nem as nuvens borrascosas que teimam em se apresentar. Se um espírito lhe bater à porta do coração, pedindo acolhida num minúsculo corpo de carne, receba-o. Ele poderá vir para mudar a face do mundo. Ele poderá vir, simplesmente, para enrolar seus braços em seu pescoço e sussurrar aos seus ouvidos: eu te amo, mamãe!
Nesse singelo texto, uma homenagem ao Papa que apregoava o direito do ecumenismo entre as pessoas, pois o que importa é a bondade do coração e a grandeza da alma.