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Manda quem pode

14/03/2014Da Redação
Manda quem pode | Jornal da Orla
O Supremo Tribunal Federal (STF), a mais alta corte do país, acatou recurso apresentado pelo ex-presidente da Câmara Federal, o ex-deputado João Paulo Cunha, e o absolveu do crime de lavagem de dinheiro, encerrando, assim, o julgamento do mensalão, que chegou a ser apontado como o maior caso de corrupção da história recente do país. 
 
Com os novos ministros indicados pela presidente Dilma Rousseff, Luiz Roberto Barroso e Teori Zavascki, o STF voltou atrás e concluiu que não houve formação de quadrilha no triste episódio. O que levou o presidente da corte, Joaquim Barbosa a afirmar que uma decisão sólida e bem fundamentada foi derrubada por uma “maioria de circunstância”. O fato é que em breve os petistas condenados, que tiveram suas penas aliviadas com as mudanças no STF, estarão livres.
 
Na cadeia, mesmo, vão ficar quem não tinha bons padrinhos, como o publicitário Marcos Valério e seus sócios na ocasião, Ramon Hollerbach e Cristiano Paz, condenados respectivamente a 40, 29 e 25 anos de prisão. Até mesmo uma funcionária de Valério, Simone Vasconcelos, foi condenada a uma pena maior que a aplicada aos petistas, 12 anos e sete meses de prisão.
 
O que se pode concluir é o que todo brasileiro minimamente informado já está cansado de saber: em nosso país, todos são iguais perante a lei, mas uns são mais iguais que os outros. Tudo depende das circunstâncias e da vontade dos poderosos. É a nossa triste realidade.
 
Teoricamente os poderes são independentes, mas o que se vê no Brasil é a força maior do poder Executivo, que mantém uma relação promíscua com o Congresso, literalmente comprando apoio parlamentar, seja com dinheiro público, como mostrou o escândalo do mensalão, seja com cargos. E, na esfera judicial, é o chefe do Executivo, no caso Dilma, quem nomeia os ministros em caso de aposentadoria, o que possibilita, segundo palavras de Joaquim Barbosa, a chamada “maioria de circunstância”.
 
Fica a certeza de que não haverá um país decente sem profundas mudanças. Se elas vão acontecer um dia, só Deus sabe. O quadro atual é desanimador, para dizer o mínimo.