Conta uma brasileira, que foi trabalhar na Suécia, que várias vezes fez comparações entre suecos e brasileiros. A forma de resolver problemas, a maneira de conduzir determinadas dificuldades no trabalho etc. Nessas observações, concluiu, em um primeiro momento, que os suecos tinham alguns comportamentos muito próprios. Em verdade, ela jamais imaginara que com eles aprenderia uma extraordinária lição. Algo que a faria admirá-los e seguir-lhes o exemplo. No seu primeiro dia de trabalho, um colega da empresa veio apanhá-la em casa.
Ao chegarem, ele entrou no estacionamento, uma área ampla para mais de 200 carros. Como haviam chegado cedo, poucos veículos estavam estacionados, mas o rapaz deixou o seu carro parado logo na entrada do portão. Assim, eles tiveram que caminhar um trecho considerável, até chegar à porta da empresa.
No segundo dia, o fato se repetiu. Eles tornaram a chegar cedo e, novamente, o carro foi colocado logo na entrada. Outra vez tiveram que atravessar todo o extenso pátio do estacionamento, até chegarem ao escritório. No terceiro dia, um tanto mais confiante, ela não se conteve e perguntou ao colega:
-Por que é que deixa o carro tão distante, quando há tantas vagas disponíveis? Por que não escolhe uma vaga mais próxima?
-O motivo é muito simples. Nós chegamos cedo e temos tempo para andar, sem perigo de nos atrasarmos. Alguns dos nossos colegas chegam quase em cima da hora e, se tiverem que andar um trecho longo, podem se atrasar. Assim, é bom que encontrem vagas bem mais próximas, ganhando tempo.
O gesto pode ser qualificado de companheirismo, coleguismo. Não importa. O que tem verdadeira importância é a consciência de colaboração.
Ela recordou que, algumas vezes, em estacionamentos, no Brasil, vira vagas para deficientes sendo utilizadas por pessoas não deficientes. Recordou dos bancos reservados a idosos, gestantes nos ônibus e utilizados por jovens e crianças. Lembrou de poltronas de teatros e outros locais de espetáculos tomadas quase de assalto, pelos mais ágeis, em detrimento de pessoas com dificuldades de locomoção. Pensou em tantas coisas. Refletiu. Ponderou…
E nós? Como agimos em nossas andanças pelas vias do mundo? Somos dos que buscamos sempre os lugares mais privilegiados, sem pensar nos outros? Alguma vez pensamos em nos acomodar nas cadeiras do centro do salão, quando vamos a uma conferência ou cinema, pensando que os que chegarem em cima da hora, ocuparão as pontas, com maior facilidade?
Pensamos, alguma vez, em ceder a nossa vez no caixa do supermercado a uma mãe com criança ou alguém que expresse a necessidade de sair mais rápido? Mesmo porque, há pouco mais de dois milênios, alguém ensinou sabiamente: “quando fordes convidados a um banquete, não vos assenteis nos primeiros lugares…”. O ensino vale para cada dia e situação das nossas vidas.
[baseado em fato real]
PAZ, SAÚDE E PROSPERIDADE.