Fronteiras da Ciência

Uma maneira de dizer

14/02/2014
Uma maneira de dizer | Jornal da Orla
Um suéter cinza, largado sobre a carteira vazia de Lucas, lembrava o menino desanimado que acabara de sair da sala do terceiro ano, com seus colegas. Logo, os pais de Lucas, que haviam acabado de se separar, chegariam para uma reunião, convocada pela diretora para falar sobre o mau desempenho escolar e o comportamento insubordinado do filho. Nenhum deles sabia que a diretora havia chamado o outro.
Lucas, filho único, sempre fora feliz, gostava de cooperar e era ótimo aluno. A responsável pela escola havia pensado, por alguns dias, em como poderia mostrar para aquele pai e aquela mãe, que as recentes notas insuficientes representavam a reação de uma criança magoada com a separação dos pais.
A mãe de Lucas entrou e se sentou em uma das cadeiras que havia perto da mesa da diretora. Em seguida, o pai chegou. A pontualidade dos dois evidenciava sua preocupação. Eles se olharam com surpresa e irritação. Enquanto a diretora fazia um relato do comportamento e do rendimento escolar de Lucas, rezava para encontrar as palavras capazes de ajudar aqueles pais a perceber o que estavam fazendo com o filho.
Mas as palavras não vinham.
Ela pensou, então, em lhes mostrar um dos trabalhos de Lucas, todo borrado, feito sem cuidado, achando que poderia lhes dar a dimensão da perturbação do menino. Era uma folha de papel amarrotada e manchada de lágrimas, um dever de inglês. Ele escrevera dos dois lados da folha, sem atender à tarefa, apenas uma frase, escrita e reescrita. Em silêncio, ela desamassou a folha e a entregou à mãe de Lucas. Ela a leu e, sem dizer palavra, entregou-a ao marido.
Primeiro, ele franziu as sobrancelhas, depois sua face se desanuviou. Ele ficou lendo por um tempo que pareceu uma eternidade. Finalmente, dobrou o papel cuidadosamente e o colocou no bolso, estendendo a mão para a mulher. Ela enxugou as lágrimas e sorriu para o marido.  A diretora tinha os olhos marejados, mas eles nem a notaram. Ele ajudou a esposa a colocar o casaco e saíram juntos.
À sua maneira, Deus fez aquela dedicada diretora encontrar o modo correto para reunir uma família. Ele a guiou até a folha do dever de Lucas, toda escrita com o angustiado desabafo do coração atribulado de um menino. As palavras escritas foram:
“Querida mamãe… Querido papai… Eu amo vocês, eu amo vocês, eu amo vocês”.
[com base em texto de Jane Lindstrom e da Redação do Momento Espírita]
A união e o amor de um casal são todo o chão da confiança e das certezas e todo o céu da esperança e dos sonhos de uma criança. O amor do casal é o gerador do núcleo familiar, e também seu alicerce mais importante. As crianças precisam ser amadas, é certo, mas necessitam também fazer parte do amor dos pais entre si. Necessitam ser a extensão desse sentimento tão nobre. Quando a reconciliação não for mais possível na instituição conjugal, os cuidados e a atenção aos filhos devem redobrar, para que as consequências do divórcio sejam minimizadas às crianças, evitando traumas e sofrimentos que podem permanecer para sempre. Mesmo quando a união estiver ameaçada, nunca esqueçamos de que as palavras corretas ainda serão aquelas que expressem o amor.
PAZ, SAÚDE E PROSPERIDADE.
Jadir Albino é apresentador do programa “Fronteiras da Ciência”, exibido aos domingos, às 19h, na Santa Cecília TV, com reapresentação aos sábados, às 21h.