
O Grupo Brasil Export e a Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados (ABTRA) realizam hoje, em Santos, a terceira edição do Brasil Tech. Um dos principais focos do evento, que visa propor e debater soluções tecnológicas para os setores logístico e portuário, é o Port Community System (PCS). A plataforma eletrônica, amplamente utilizada em portos como os de Singapura e Espanha, integra dados de diferentes atores da comunidade portuária, otimizando processos e aumentando a eficiência logística. Apesar de anos de debate, nenhum porto brasileiro ainda adotou o sistema, e muitas dúvidas persistem sobre seu funcionamento.
O Brasil Tech terá uma programação robusta, com palestras sobre os aspectos gerais do PCS, painéis de debate com especialistas e um benchmarking com empresas globais que já utilizam o sistema. “Teremos uma palestra sobre os aspectos gerais do PCS, seguida por um painel com especialistas no tema, incluindo o professor responsável pelos estudos do PCS na USP. Um segundo painel fará um benchmarking com empresas de atuação global que utilizam o sistema”, detalha Angelino Caputo, diretor-executivo da ABTRA e presidente do Conselho Tech do Brasil Export.
O PCS é uma ferramenta que facilita a troca de informações entre diferentes sistemas e organizações da comunidade portuária, integrando dados de empresas, órgãos públicos e prestadores de serviços. A adesão é voluntária e a governança é coletiva, coordenada por uma entidade neutra. O sistema não substitui os trabalhos individuais, mas otimiza processos, reduzindo custos e aumentando a eficiência logística.
Segundo Caputo, a falta de entendimento sobre o funcionamento e os benefícios do PCS têm sido um dos principais obstáculos. “Desde 2018, o PCS vem sendo debatido, mas as iniciativas de implantação não alcançaram sucesso. Percebemos que isso decorre muito da falta de entendimento sobre a plataforma”.
Em setembro de 2024, o Ministério de Portos e Aeroportos (MPor), em parceria com o Grupo Brasil Export, deu início a estudos para a implementação do PCS no Porto de Santos. Segundo Tetsu Koike, diretor de Programa de Políticas Setoriais do MPor, a escolha por Santos se deve ao ambiente de inovação oferecido pela autoridade portuária e pelas empresas atuantes. “Vamos começar em Santos, modelando e desenvolvendo o sistema comunitário portuário, conversando e dialogando com todos os envolvidos, tanto públicos quanto privados, para conseguir a adesão a esse projeto. É um grande desafio, mas é necessário começar”, afirmou Koike na ocasião.
Essa iniciativa foi celebrada por Angelino Caputo, um dos maiores defensores do PCS no Brasil. Em entrevista ao jornal BE News publicada em outubro do ano passado, ele disse acreditar na possível implantação da plataforma no Porto de Santos em dois anos. O diretor da ABTRA destacou que a parte tecnológica do PCS é a mais simples, representando apenas 15% a 20% do esforço total. “A maioria das pessoas acham que, pelo fato de se chamar sistema, o PCS é uma solução tecnológica, mas é mais de governança, de agilizar processos e facilitar a integração dos agentes”, explicou.
Caputo também ressaltou a importância do HUB Brasil Export como um ambiente neutro para a discussão e implementação do PCS. “O HUB é um ponto de convergência, um ponto de relacionamento entre os principais atores, que, com essa plataforma, vão obter uma eficiência com a rápida tomada de decisão, sem erros e com custos menores”, afirmou.
O HUB Brasil Export é um espaço voltado para inovação e networking nos setores de infraestrutura, comércio exterior, portos e logística. O objetivo é conectar profissionais, empresas e especialistas para discutir desafios, compartilhar conhecimento e promover soluções tecnológicas e sustentáveis. Também procura facilitar o desenvolvimento de novas ideias e a criação de oportunidades no setor.
Sandbox
Além do PCS, outro ponto de destaque no acordo entre o MPor e o Grupo Brasil Export foi o lançamento de um sandbox, um ambiente controlado para testes de novas tecnologias. O sandbox permitirá que empresas e startups testem soluções inovadoras em um ambiente regulatório flexível, facilitando a inovação e permitindo que os reguladores avaliem e ajustem suas políticas com base em testes práticos.
“O Porto de Santos está sendo visto por nós como um grande laboratório a céu aberto, já que é o maior porto da América Latina. Ali, temos um ambiente muito importante para a inovação, que inclui tanto a identificação de problemas quanto a busca por possíveis alternativas de solução”, afirmou Tetsu Koike.
O Brasil Tech
O Brasil Tech 2025 acontecerá no auditório do Senai Santos, das 15h às 19h, e contará com a participação de startups como Bosch, ISS, Speed e Incatep, que atuam com inovação portuária. O evento é gratuito e presencial, e será realizado um dia antes do Santos Export, o maior fórum sobre logística e infraestrutura no principal porto da América Latina, marcado para os próximos dias 18 e 19, no Santos Convention Center.
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