Velho, eu?

Viajar (e viver) é preciso, em qualquer idade

03/03/2025 Ivani Cardoso
Viajar (e viver) é preciso, em qualquer idade | Jornal da Orla

Mesmo com medo de andar de avião, adoro viajar e conhecer novos lugares. Ou revisitar aqueles que sempre estão na minha rota, como Portugal, por exemplo. O setor de turismo para idosos no Brasil está aquecido, e dados da consultoria especializada em turismo IbraTur revelam que, a cada ano, 27 milhões de viagens são realizadas por pessoas com 60 anos ou mais no país.

Na prática, no entanto, viajar não é tão simples. O passar do tempo traz limitações físicas e emocionais, como insegurança, medo, ansiedade e estresse. Pensar em longas viagens, com muitas horas de voo, pode se tornar um pesadelo — e nem mesmo a meia elástica alivia a pressão. Se antes bastava organizar a viagem e fazer as malas, com o envelhecimento, o planejamento exige muito mais atenção. 

O primeiro ponto a considerar é a companhia. Muitos idosos viajam sozinhos sem problemas, enquanto outros preferem se engajar em grupos, o que é bastante comum na Europa e nos Estados Unidos. No entanto, seguir um roteiro com horários rígidos, conhecer tudo correndo, fazer refeições em restaurantes previamente escolhidos e não ter tempo para aproveitar os lugares como se deseja pode ser pouco atraente.

Viajar com amigos bem conhecidos é uma ótima opção, mas dividir o quarto, apesar de econômico, nem sempre dá certo. Se um ronca e o outro tem sono leve, vão se odiar no final. Também é importante alinhar expectativas: quem gosta de madrugar e já acorda animado para passear pode se frustrar ao viajar com quem prefere dormir até tarde e tem um ritmo mais lento.

Escolher o destino de acordo com suas limitações é essencial. Lugares planos são mais confortáveis, e viajar sem pressa permite aproveitar melhor a experiência. Parar em um café, tomar um vinho onde der vontade, escolher restaurantes ao acaso ou seguir dicas de amigos, admirar a paisagem, apreciar um pôr do sol, conversar com os moradores locais para conhecer melhor a cultura… tudo isso faz parte do prazer da viagem. Enfim, estar no momento presente.

Planeje a mala como um escoteiro atento. Quem vai carregá-la, na maioria das vezes, é você mesmo. Para mulheres, leve poucas roupas que combinem entre si, um tênis confortável, um sapato ou sandália para a noite e o mínimo de maquiagem e bijuterias, sempre de acordo com a estação. Os homens são mais sábios nessas horas, jeans, camisetas, uma calça de alfaiataria e uma camisa para a noite, tênis e um sapato melhor. Não há problema algum em repetir roupas — isso é coisa da sua cabeça! E, claro, um bom livro é sempre um excelente companheiro de viagem.

O mais importante é escolher bem o destino, economizar e garantir pelo menos uma viagem por ano. Você merece!

Filmes indicados

Hotel Marigold — Um filme delicioso sobre um grupo de aposentados, incluindo Muriel (Maggie Smith), Douglas (Bill Nighy), Evelyn (Judi Dench) e Graham (Tom Wilkinson), que decide viajar para a Índia. Encantados com o exotismo do local e atraídos pelas imagens do recém-restaurado Hotel Marigold, eles embarcam em uma experiência que transforma suas vidas.

Ella & John — Uma história sensível sobre um casal octogenário que decide escapar da rotina e da superproteção da família para viver uma grande aventura em um trailer antiquado, carinhosamente chamado de “Caça-Lazer”. Com criatividade e espírito livre, Ella e John mostram que é possível viver momentos inesquecíveis com pouco dinheiro. Helen Mirren e Donald Sutherland brilham em atuações impecáveis.