Santos

Primo Ferreira é alvo de reclamações por falta de estrutura

13/02/2025 Paulo Rogerio
Foto: Arquivo Pessoal

Imagine um adolescente passar horas sob o calor escaldante dos últimos dias em um ambiente sem ar-condicionado, onde apenas um ventilador funciona, sendo obrigado a caminhar muito mais para ir a um banheiro e, na hora do intervalo, ter que encontrar seu metro quadrado em um pátio lotado. Pois esta tem sido a realidade de boa parte dos cerca de 1,5 mil estudantes da EE Prof. Primo Ferreira. 

A unidade estadual, localizada no bairro Vila Belmiro, em Santos, deu início ao ano letivo sem a devida estrutura. Com uma reforma inacabada, os alunos convivem com entulho espalhado pelo pátio, poucos banheiros e, em algumas salas de aula, apenas um ventilador em funcionamento. 

E nada disso deveria estar acontecendo. Isso porque, desde o início de 2024, a ideia era que todas as salas contassem com um aparelho de ar-condicionado. Os aparelhos até chegaram. Só faltou colocar para funcionar.

“Até então nada foi resolvido! Somente colocaram o ar nas salas, mas não ligaram até agora”, afirma uma estudante do 2º ano do Ensino Médio, que não será identificada. “As salas são completamente sem estrutura. Nesse calor há quatro ventiladores e só um funciona, com 40 alunos presentes”, completa.

De acordo com a aluna, o aparelho de ar-condicionado foi colocado na sala de aula dela, mas não há o condensador. “Ou seja, nem instalado está”.

A estudante afirma ainda que, com a reforma sem conclusão, a escola tem, hoje, quatro banheiros para atender a todos os alunos. São dois no pátio e outros dois no andar superior, o mesmo das salas de aula. “E são dois banheiros femininos. Os meninos tendo que usar um dos femininos”. A adolescente ressalta que há 10 salas do 2° do ensino médio e 10 do 3° ano pela manhã. O intervalo para todas as turmas acontece no mesmo horário.

Desmaio

Com tudo isso, os estudantes levaram um susto nesta semana. Uma aluna teria sofrido um desmaio durante o intervalo. “Foi na hora de voltar para as salas, às 9h50. Quando chegamos no primeiro andar, estava uma confusão ao redor da mesa dos inspetores. Fomos ver e a menina estava aparentemente desacordada no chão. Uma outra aluna tinha colocado a cabeça dela nas pernas e começaram a abanar. Isso durou até a minha penúltima aula, às 10h40. Muitos alunos não conseguem estudar, pois estão passando mal. Essa menina nem foi levada para a direção, onde tem ar-condicionado. Ficou no meio do corredor”.

A adolescente não reclama da qualidade do ensino, mas afirma que muitos professores acabam não comparecendo para as aulas. “Na maioria dos dias da semana tem aula vaga, o que é um absurdo para nós, pois exigem muita concentração e foco nos estudos, mas como vamos focar se a escola não tem estrutura?”

Há 40 ventiladores em funcionamento, diz Diretoria de Ensino

A Diretoria de Ensino de Santos afirmou desconhecer qualquer informação envolvendo o desmaio de uma aluna da EE Prof. Primo Ferreira. De acordo com o órgão, em nota enviada ao Jornal da Orla, a unidade conta com 40 ventiladores em funcionamento, uma média de dois por sala de aula. A escola irá avaliar a necessidade para aquisição de mais equipamentos. 

A unidade também receberá obras de adaptação elétrica para suporte adequado dos aparelhos de ar-condicionado já instalados.  Em todo estado, segundo a diretoria, foram investidos mais de R$ 300 milhões para obras de climatização nas escolas estaduais.

Em contato por telefone, o órgão afirmou que, quando a direção da escola detecta a necessidade, conduz os estudantes para ambientes com temperaturas mais adequadas. 

Já o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) informou não ter recebido denúncias similares por parte de professores