Metrópole

Famílias santistas pagam mais pela cesta básica em janeiro

06/02/2025 Glauco Braga
Fernando Yokota

As famílias santistas pagaram mais pelos alimentos da cesta básica em janeiro. O valor oscilou 2,86%. Os vilões do mês foram o café e o tomate. A variação ficou constatada no boletim do programa de pesquisa e extensão do curso de Ciências Econômicas da Universidade Católica de Santos (UniSantos), em parceria com a Prefeitura de Santos e Jornal da Orla. A coleta de preços foi feita em 22 supermercados da Região de Santos, entre 26 de dezembro e 25 de janeiro, por estudantes bolsistas da UniSantos na Prefeitura de Santos e coordenado pela professora Dalva Mendes. O boletim reflete a média praticada nesses estabelecimentos da Cidade.

Os dados obtidos indicam que o custo médio da cesta no Município foi de R$ 737,05. Em dezembro, esse valor foi de R$ 716,56. A cesta básica alimentar oscilou 2,86%, e o aumento aconteceu em todas as regiões pesquisadas na Cidade. A maior alta foi na Zona Noroeste (8,59%) e, a menor, na Zona Intermediária (2,35%). O salário-mínimo necessário, segundo orientação constitucional, deve suprir a necessidade básica do trabalhador e sua família. Hoje, o salário-mínimo no Brasil é de R$ 1.518,00. De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a família modal seria composta, em média, por dois adultos e duas crianças e essas crianças consumiriam alimentos correspondentes a um adulto.

A variação nos preços dos alimentos pode ter um impacto direto na desnutrição, principalmente para famílias de baixa renda. O tomate (+40,46%) e o café (+10,23%) tiveram grandes oscilações. Embora o café não seja essencial para a nutrição, o tomate é uma importante fonte de vitaminas (como a vitamina C) e antioxidantes. O aumento pode levar à sua substituição por alimentos menos nutritivos. A carne, apesar de um aumento mais discreto (0,81%), confirma a tendência de alta.

O gasto com a carne é responsável por 33,1% do recurso despendido com a cesta. O leite é um alimento altamente nutritivo e desempenha papel fundamental na alimentação de adultos e crianças, fornecendo nutrientes essenciais para o crescimento, desenvolvimento e manutenção da saúde. Apesar de apresentar um decréscimo de 2,4% o valor ainda é muito alto, principalmente para as famílias de baixa renda. O gasto desse item no valor da cesta atinge 6,68% do total.

A professora e coordenadora Dalva Mendes lembrou que o projeto tem mais de cinco anos de existência, mas, desde junho de 2024, existe um convênio da Prefeitura de Santos com a UniSantos. “Isso possibilitou a cessão de duas bolsas para alunos de economia. Eles fazem esse levantamento em 22 supermercados”, disse.

“Como corremos a Cidade toda, esse é um retrato muito fiel da variação de preços desses produtos em Santos. Temos um banco de dados que é feito diariamente, com o nome do supermercado, a hora que o aluno entra, que sai, o controle de tudo. A partir daí, faço a estimativa do valor dessa cesta, mínimo e máximo dos produtos e o índice de acréscimo ou decréscimo tiro em cima do valor médio. Uma metodologia semelhante à do Dieese. Baseado nesta cesta básica e no aviso do Governo Federal que ela corresponde a 32,5 % do gasto familiar, eu posso projetar o valor do salário-mínimo para uma família (modal), que seria de R$ 6.019,80. Podemos fazer também a projeção do crescimento dos preços do feijão, leite, arroz, que são sazonalidades”, afirmou a professora.

Sem deflação

Dalva Mendes revelou que, de acordo com os dados apurados neste mês, não existe redução de preços da cesta básica. “Estamos no meio da coleta do período. O café continua aumentando; a carne vem numa crescente. Aqui em Santos, não temos esse prognóstico. Sabemos também que historicamente quando vêm turistas para cá, os preços aumentam. Com a volta dos turistas para casa, vamos ver se existe um reajuste de preços”.

Sobre a variação de preços da cesta na Zona Noroeste (8,59%) que superou os Morros (3,93%), Zona Intermediária (2,35%) e Orla (2,56%), a professora crê num equilíbrio de preços, já que, no boletim anterior, ela ficou abaixo das outras (-4,60). “Na área turística a demanda aumenta e os preços sobem, essa é a lei da economia. Na Zona Noroeste, houve essa majoração também e deu uma equilibrada”.

O projeto tem como professora-responsável Dalva Mendes Fernandes, com os alunos Rayanne Silva Carvalho de Jesus e Rodney de Oliveira Bezerra. A coordenação do curso de Ciências Econômicas é da professora Célia Rodrigues Ribeiro; Flávia Henriques, diretora do Centro de Ciências Sociais Aplicadas e Saúde, e a economista Vanessa Mendes Miranda, chefe da Sessão de Estudos Econômicas de análise orçamentária da Prefeitura Municipal de Santos. Apoio: Jornal da Orla.

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