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Representantes do comércio e serviços temem aumento da Selic

04/02/2025Josi Castro
Divulgação/ SincomercioBSVR

Divulgação do reajuste na taxa básica gera pessimismo entre representantes de associações e autarquias ligados ao comércio, indústria e serviços da Baixada Santista

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) aumentou a taxa básica de juros da economia, na última quarta-feira (29), em um ponto percentual, elevando a Selic para 13,5%. Segundo o mais recente Relatório Focus, do BC, há estimativas de que a variação do índice que influi créditos bancários e baliza os rendimentos de aplicações financeiras pode chegar na casa dos 15% ao final de 2025. Representantes de associações e autarquias ligados à economia da Baixada Santista, ouvidos pelo Jornal da Orla, compartilham do mesmo ponto de vista. Este acréscimo da taxa Selic pode retrair o movimento do comércio e serviços da região.

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista da Baixada Santista (Sincomércio-BSVR), Omar Abdul Assaf, demonstra apreensão sobre o reajuste da Selic, por impactar no custo do capital de giro. “Medidas assim acabam refletindo nos preços e podem fazer com que o consumidor compre menos. Para o varejo será muito ruim. As taxas e juros bancários sobem, assim como o valor das prestações de quem faz financiamento direto aos compradores. Também afeta os encargos dos cartões. É uma bola de neve”.

O dirigente santista é cauteloso quanto às perspectivas futuras. “Esperamos que a inflação caia e que o Banco Central não precise mais aumentar juros. Vamos esperar a tendência. O dólar teve um recuo nos últimos dias, o que é um alento. A queda influiu em alguns preços; por exemplo, commodities e produtos atrelados à moeda norte-americana, o que pode gerar algum equilíbrio”.

Da mesma forma, Luiz Orsatti Filho, diretor executivo do PROCON-SP, destaca que o aumento na Selic afeta a cadeia produtiva, mas principalmente o consumidor final. “Menos dinheiro no bolso, menos compras; Selic reflete nos custos do cartão de crédito (juros do rotativo), cheque especial, empréstimos”.

 

Luiz Orsatti Filho, do PROCON-SP: “Menos dinheiro no bolso, menos compra”

Américo Ferreira Neto, diretor regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), com sede em Cubatão, é bastante enfático: “Ninguém consegue prosperar com juros tão altos durante tanto tempo. É uma tática para o controle da inflação, mas o mercado sofre retração e isso afeta diretamente os setores produtivos, reduzindo a competitividade da indústria brasileira” Para Ferreira Neto, um caminho seria encontrar um equilíbrio entre a estabilidade monetária e crescimento sustentável do PIB.

O executivo destaca, ainda, a necessidade do ajuste das contas públicas, e a urgência da continuidade das reformas estruturais. “É determinante que o Congresso Nacional retome a reforma administrativa, para que tenhamos um Estado menos oneroso e não indutor da inflação, mais produtivo, desburocratizado e eficiente no atendimento à sociedade”.

EMPREGOS EM PERIGO
De acordo com o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Praia Grande (ACEPG), Fabrício Fernandes, a constante elevação da taxa Selic abala a confiança dos empresários. É uma cadeia de acontecimentos: inflação alta, aumento da Selic, diminuição do financiamento, queda das vendas. “Diante da possibilidade de um cenário assim, empregos no comércio ficam ameaçados e cada vez que um aumento nas taxas é anunciado, diversos produtos nas prateleiras do supermercado têm seus preços reajustados”, diz.