Política

“Tem deputado de fora que ajuda mais do que os daqui”, diz Cadu Barbosa

03/02/2025Marcos.Augusto
“Tem deputado de fora que ajuda mais do que os daqui”, diz Cadu Barbosa | Jornal da Orla

O vereador praiagrandense Cadu Barbosa inicia seu quarto mandato com uma responsabilidade a mais: comandar uma entidade que reúne os 142 vereadores das nove cidades da região. Eleito por aclamação, ele deseja que a União dos Vereadores da Baixada Santista (Uvebs) seja mais ouvida e planeja capacitar os políticos em primeiro mandato e os veteranos.

A Uvebs é uma entidade que existe há 15 anos, mas os vereadores ainda reclamam da falta de participação no processo decisório. Não melhorou nada neste período?

Eu acredito que melhorou, sim. A cada dia que passa, a integração dos municípios é maior. Antigamente, as pessoas viam a sua cidade e não queriam saber das cidades vizinhas. Hoje está tudo interligado. Um munícipe de Praia Grande estuda em Santos, trabalha em São Vicente, passa o final de semana numa casa em Mongaguá. Antigamente era bem difícil, mas hoje eu acho que é bem aberto. Os vereadores precisam ter o direito de participar mais, pois são o para-choque nesta questão pública. Dificilmente um munícipe encontra um deputado ou o prefeito numa padaria, mas o vereador encontra facilmente. E a gente está aí mesmo para dar a cara a tapa.

Quais temas devem ser tratados prioritariamente na Uvebs?

A gente passeia por todos os temas. Na saúde, a gente tem algumas questões como o sistema CROSS (Central de Regulação de Ofertas e Serviços de Saúde, sistema que regula a distribuição de vagas nos equipamentos de saúde do estado). A gente tem muita dificuldade de entender a transparência do CROSS, como é feito. A gente discute muito essa questão. Também o pedágio que vai ter aqui na parte do Litoral Sul, a travessia Santos-Guarujá e a terceira via da Imigrantes. A gente tem que trabalhar muito nisso.

O senhor citou o CROSS. O que precisa ser feito de fato?

Eu acho que precisa de muito ajuste. A gente vê um trabalho muito grande dos municípios, mas a gente precisa que o Estado trabalhe bastante no Litoral Sul, que é uma das regiões mais prejudicadas.

Tem gente que diz que o Condesb na prática é uma “casa de chá”, não é um órgão que funciona na prática. O senhor concorda?

Não concordo. Acho que varia muito , de acordo com a qualidade de prefeitos, do mandato. Eu vejo hoje na Baixada prefeitos atuantes. Acredito que vão ser dois anos de muito trabalho. Vejo prefeitos diversificados, antigamente a gente tinha praticamente o monopólio do PSDB. Nas nove cidades, a gente tinha sete do PSDB. Então, poderia até passar uma imagem uma sensação de casa de chá. Hoje a gente tem prefeito do MDB, do Podemos. Quanto mais diversificados, melhor.

Praticamente metade dos eleitos agora no 2024 é de vereadores em primeiro mandato. Quais as estratégias da Uvebs para que eles participem das discussões junto ao Governo do Estado?

A capacitação é importantíssima, não só dos novos vereadores, mas dos antigos também. Vamos trabalhar qual é a função verdadeira do vereador, porque o eleitor às vezes coloca o vereador numa situação de fazer assistencialismo. É uma coisa da qual a gente tem que fugir. A gente vai trabalhar também na questão da inovação. A era digital está aí, os antigos também precisam se adequar. E estamos trazendo os novos, uma galera que vem com vontade para oxigenar os legislativos da Baixada. Também temos os treinamentos da União dos Vereadores do Brasil, para ver o que acontece em outras cidades, até de outros estados.

A Baixada Santista poderia eleger mais deputados da região, mas isso não acontece pois muitos vereadores atuam como cabos eleitorais de candidatos de fora. Como convencê-los a trabalhar a favor para políticos mais identificados com a região, em vez de forasteiros?

Eu discordo um pouco dessa ideia, porque, às vezes, em casa de ferreiro o espeto é de pau. Tem deputados que são de fora da Baixada que ajudam muito mais do que os daqui. Além disso, os candidatos da Baixada também precisam de voto de outras cidades de fora da região, eles também vão buscar votos fora. O que eu acho que precisa é esse deputado, seja daqui ou de fora, ter compromisso com a Baixada para trazer recursos. Às vezes o vereador não se sente representado por aquele deputado da região e busca um que não é da Baixada.