A voz da consciência

Rodrigo Pacheco sabe jogar o jogo da política

24/01/2025Bruno Oliveira
Rodrigo Pacheco sabe jogar o jogo da política | Jornal da Orla

Para começo de conversa, senador Magno Malta, o senhor tá na vida pública há muito tempo, com certeza, para saber qual é o verdadeiro motivo, a verdadeira intenção, para que o senador Rodrigo Pacheco, do PSD de Minas Gerais e presidente do Senado, tenha chamado a cantora Anitta para discutir meio ambiente e explicar o trâmite, o andamento de qualquer projeto na sua casa, que o senhor faz parte. Senador Rodrigo Pacheco pode ser tudo menos doido. Eu explico: a primeira vez que eu ouvi falar de Rodrigo Pacheco foi em 2012, quando ele disputou a eleição vencida por Alexandre Kalil, ex-presidente do Atlético Mineiro. O Rodrigo Pacheco, o senador, era então presidente da OAB, seção Belo Horizonte. Ali ele já se destacou. Eu não sei quem transmitiu, não sei se foi a Rede TV, eu sei que eu vi um debate entre os prefeitos de Belo Horizonte. O senador Rodrigo Pacheco se destacou já ali naquele momento.

Todo político que se preza, ele é uma pessoa que pode ser comparada a um jogador de xadrez. Então, o senador Rodrigo Pacheco, ele calcula todos os passos e movimentos que faz na política.

Ele sabe que está deixando a presidência do Senado Federal, então, portanto, ao chamar a Anita para uma conversa no Senado, o movimento que ele faz é o seguinte: ele faz o cálculo de redução de danos que ela pode causar para ele se ele não fizesse o movimento de chamá-la para conversar.

Na política moderna, em tempos de redes sociais, é na área digital, sabendo ele a quantidade de seguidores que essa moça tem. Ainda mais se em caso de confirmação daquilo que todo mundo enxerga sobre o senador Rodrigo Pacheco, que ele possivelmente esteja olhando para o seu quintal, ou seja, a sucessão do governador Romeu Zema, e dependendo do cenário que se desenhar lá em Minas, é nada de braçada em 2026. Existe um outro detalhe a se confirmar: a candidatura ao governo de Minas do presidente do Senado Rodrigo Pacheco não está olhando para os conservadores, aqueles que ajudaram a ele se eleger presidente do Senado.

Ele está olhando sim para o grupo contrário, os progressistas. Ele não olha para quem já foi presidente, ele olha para quem é presidente nesse momento, no sentido de pedir o apoio, né? E a cantora Anitta, ela faz parte do grupo que está no governo nesse momento, ela faz parte dos progressistas. Ele busca se aproximar da elite artística, ao qual ela faz parte, por essa razão esse movimento de chamá-la ao Senado Federal. Só que o senhor senador Magno Malta tem razão quando diz que o senador Rodrigo Pacheco, quando fala, não fala sozinho, fala por um poder, é justo que é o assunto da audiência que, caso ela aceite o convite, vai acontecer. Seja o que aconteceu no Rio Grande do Sul, porque vocês hão de concordar comigo que o que aconteceu no Rio Grande do Sul não é uma situação normal, não é verdade? Por que toda a artista, isso aqui serve para homem também, gosta de câmeras, de holofotes. Até eu, que sou mais bobinho, iria se fosse convidado. Me parece que as manifestações que ela faz nas redes sociais são de caráter pessoal, ou seja, uma manifestação enquanto cidadã. Mais uma manifestação no calor do momento, ela corre o risco de ser superficial. Para você fazer uma análise sobre um determinado fato que te chame atenção, é preciso que você estude para fazer uma análise profunda. Ela me parece sim, para o julgamento de nenhum tipo, uma pessoa que conversa com os amigos, ajuntando uma coisa aqui e outra ali, e qual é a base do seu argumento às vezes? Fraco?

Talvez. Mas que gera ressonância, porque ela é referência para uma geração de pessoas. Deixa eu parar de falar! Mas voltando a falar do senador Rodrigo Pacheco em si, ele tem um perfil moderado, né? Sabe colocar bem as palavras nos momentos certos. Me parece ser um cara objetivo, sabe onde quer chegar. Eu vou mais além: ele tem um perfil do político tradicional, não à toa o Rodrigo Pacheco, não sei se vocês se lembram, ele foi pré-candidato à presidência da república em 2022 pelo PSD. Vocês estão lembrados? Ele é um político de futuro que não me surpreenderia se daqui a 8 anos ele disputar a presidência da república. Não sei se ganharia, mas em condições de ganhar a eleição. E me cobra isso depois.

Senador Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, defendeu o governo federal em relação à taxação do Pix acima de R$ 5.000, criticando o deputado federal por Minas Gerais, Nicolas Ferreira, o mais votado deputado federal. Não sei se é pelo Estado de Minas Gerais ou pelo país? Essa questão ainda vou pesquisar.

É interessante observar como o discurso de Pacheco se alinha ao governo federal neste momento. Ele parece estar se posicionando como um defensor da política econômica do governo, buscando construir uma imagem de apoio e solidez.  Essa postura pode ser vista como uma estratégia para fortalecer sua posição política e garantir o apoio do governo em futuras eleições, caso ele decida disputar o governo de Minas Gerais em 2026. Apesar de a questão econômica ser secundária em relação à estratégia política, é importante lembrar que a portaria da Receita Federal sobre a taxação do Pix foi revogada, o que demonstra a instabilidade do cenário político e a necessidade de adaptação às mudanças.

Vale lembrar que o principal trabalho de Rodrigo Pacheco até hoje foi a questão da renegociação da dívida dos estados, com foco na área tributária e econômica.  Essa experiência pode ser um trunfo para ele em uma possível campanha para o governo de Minas, especialmente se ele conseguir apresentar propostas concretas para melhorar a situação fiscal do estado e promover o desenvolvimento econômico.

É muito provável que o principal adversário de Pacheco na corrida eleitoral de 2026 seja o deputado federal Nicolas Ferreira.  Essa defesa tão forte e fervorosa do governo por parte de Pacheco demonstra que ele está de olho no apoio do governo para a sua candidatura ao governo de Minas Gerais, na sucessão do governador Romeu Zema.  Na minha opinião, esse interesse está mais do que claro.

Falando em eleições, algumas especulações sobre uma possível vaga de Rodrigo Pacheco no STF (Supremo Tribunal Federal) foram feitas durante o período de indicação dos ministros Cristiano Zanin e Flávio Dino.  Eu, particularmente, não acredito nessa hipótese.  Para mim, a ambição política de Pacheco sempre se direcionou para o governo de Minas Gerais, a sucessão de Romeu Zema sendo o seu objetivo principal.

Por outro lado, a crítica a Nicolas Ferreira, um deputado federal de oposição ao governo, pode ser interpretada como uma forma de tentar atrair o eleitorado mais conservador, que tradicionalmente apoia o governo Bolsonaro e seus aliados.  É possível que Pacheco esteja tentando construir uma imagem de centro, buscando agradar diferentes segmentos políticos e sociais. Essa estratégia, porém, pode ser complexa e arriscada, pois pode alienar parte do eleitorado, tanto de direita quanto de esquerda.

Na época das enchentes no Rio Grande do Sul, Rodrigo Pacheco chamou a cantora Anitta para discutir as questões ambientais, demonstrando uma postura proativa em relação a temas relevantes. Na cerimônia de lançamento da reforma tributária, Pacheco, de forma estratégica, não chegou a mencionar diretamente o nome do deputado Nicolas Ferreira.  Essa postura pode ser interpretada como uma forma de evitar confrontos diretos e manter uma imagem de neutralidade, evitando antagonizar o eleitorado de Ferreira. No entanto,  essa postura não impede que a disputa entre os dois seja vista como um dos principais embates das eleições de 2026 em Minas Gerais.

Todos os movimentos políticos de Rodrigo Pacheco parecem estar olhando para o cenário eleitoral de 2026, e a questão da taxação do Pix, por exemplo, é apenas uma peça nesse jogo. É fundamental acompanhar de perto as ações e declarações de Pacheco para entender melhor suas estratégias e o impacto que elas terão na política brasileira. A disputa pelo governo de Minas Gerais em 2026 promete ser acirrada, e Pacheco, como um jogador de xadrez estratégico, já está movendo suas peças para garantir um bom resultado.

Para encerrar tudo, a partir de 1889, quando foi proclamada a república por Marechal Deodoro da Fonseca, todos os fatos que acontecem na política pertencem ao jogo político. Então, nada me surpreende.