A semana começou triste. A comunicação perdeu o apresentador JB. Nós, público dele, reagimos com surpresa e tristeza. Surpresa porque JB partiu em plena forma, num ponto ascendente da carreira. Tristeza porque ele sempre foi uma pessoa do bem. Vai fazer muita falta.
A imagem de alguém que exerce atividade pública apresenta dois aspectos que raramente coincidem. O primeiro é para quem acompanha o trabalho, de longe. O segundo, para quem convive de perto com aquela personalidade.
A imagem que JB passou para o público é a de um apresentador sintonizado com o tempo e com o espaço dele. Dedicado. Profissionalíssimo. Educadésimo. Quase onipresente. Festeiro ele tinha mesmo de ser: fazia a cobertura jornalística de eventos, a maioria deles festivos. Mas o sorriso que iluminava quase que permanentemente o rosto dele, tinha a marca da espontaneidade. E ficou sendo também a marca do JB.
Quem lembra do JB, lembra dele sorrindo.
O sorriso de quem gosta do que faz. E isso vale para as duas imagens: a pública e a da intimidade.
Li num texto do Márcio Barbuy no jornal A Tribuna, que o João Bernardo Simões se tornou o JB por arte do César Correa da Costa, uma pessoa extraordinária, que também nos deixou muito cedo e que também faz muita falta.
César gostava de chamar as pessoas de um jeito personalizado, só dele. No meu caso, passei de Boca (em boca fechada não entra mosca), pra Bocatchelli, Tchatchelli e acabei me tornando o Tchatcho.
O João Bernardo também não passou incólume: virou JB.
De perto, os testemunhos de quem trabalhou com ele são unânimes: JB impressionava mais pela gentileza, pela sensibilidade, por gostar das pessoas, por ter extrema disponibilidade e extremo prazer em ajudar. E do jeito certo: aquele que o Mestre dos Mestres definiu: “Quando fizeres o bem, que a tua mão esquerda não saiba o que faz a direita.”
JB distribuía oportunidades com a mesma naturalidade com que distribuía sorrisos. Marcelo, cinegrafista que acompanhou o João por 17 anos, define assim:
“Um cara de coração enorme de bondade.”
E aqui vai uma especulação. O ainda cabeleireiro João Bernardo, antes de estrear na TV, frequentou uma escola maravilhosa: o curso de Dinâmica de Grupo conduzido por muitos anos por outra figura extraordinária que também partiu cedo e que também faz muita falta: Luiz Alca Sant’Anna. Personalidade forte, João era o único homem entre as cerca de 50 alunas da turma do Luiz na Associação de Engenheiros e Arquitetos de Santos. É difícil avaliar o quanto a pedra preciosa João Bernardo foi lapidada nesse convívio. Mas é certo que ele saiu fortalecido na percepção social, na análise de pessoas e situações, na segurança de se expressar em público, na sensibilidade para captar sentimentos e emoções.
Se você, leitora / leitor, observar o céu do litoral numa próxima noite de luar, vai perceber uma nova estrela. Não uma estrela solitária, mas sim uma estrela entre muitas outras, todas sorridentes, numa constelação alegre, movimentada e solidária. JB já começou o trabalho dele no céu.
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