Este artigo não diz respeito a uma questão ideológica.
Nada a ver, portanto, com esquerda ou direita.
A intenção é tentar entender o que está acontecendo não apenas nos Estados Unidos, como, também, no resto do mundo.
O recado da maioria do povo norte-americano foi claro nesta que foi uma das mais disputadas eleições da história da principal democracia do planeta.
E qual foi esse recado?
Simples.
O eleitor disse, em sua maioria, de forma clara e incontestável, que sua maior preocupação é com o bolso, com suas finanças pessoais.
Outras questões, como decência, integridade, empatia, respeito às leias e à Constituição, sensibilidade social e humana, que deveriam moldar o caráter de um líder, passam a ser menos relevantes em comparação aos rumos da economia.
Em resumo, o bolso vale mais que o caráter.
O sonho americano, enfim, exibe sua face mais cruel.
Não importa que Donald Trump seja um homem condenado por dezenas de crimes por um Juri Popular (as condenações serão anuladas com sua vitória), que trate as mulheres como um objeto, que seja um assediador nato, misógino.
Que desrespeite a Constituição de seu país e os direitos das minorias.
Que pense apenas sem si mesmo e dê prioridade a seus negócios bilionários.
Que seja um negacionista de vacinas e da crise climática que ameaça o planeta.
Que seja um admirador de Adolf Hitler e que possa governar como um ditador, conforme avisaram seus principais chefes militares e integrantes de seu primeiro governo, inclusive seu ex-vice-presidente, Mike Pence.
Ou ainda que tenha tentado um golpe contra a democracia americana ao estimular a invasão ao Capitólio na eleição que perdeu para Joe Biden.
Os norte-americanos constataram tudo isso ao longo do tempo e foram avisados por figurões do próprio Partido Republicano. Gente que trabalhou ao lado de Donald Trump nos quatro anos de seu primeiro governo.
Como eu disse no início, este artigo nada tem a ver com questão ideológica.
O Partido Republicano produziu grandes presidentes na história recente, como Ronald Reagan, George H.W.Bush e George W. Bush, líderes que honraram o cargo e respeitaram a Constituição de seu país.
A história de vida de Donald Trump, ao contrário, exibe um ser humano desprezível, abjeto, incapaz de entender os mais básicos sentidos e sentimentos que dignificam a vida humana.
Também já demonstrou nenhum apreço ao Planeta que nos abriga.
A vitória de Trump certamente vai estimular outros “Trumps” pelo mundo.
Por aqui, conhecemos alguns…
Vivemos tempos sombrios.
A humanidade terá mais uma longa e escura noite de quatro anos.
A esperança é a de que, por mais longa, escura e duradoura que seja essa noite, o sol voltará a raiar.