Fronteiras da Ciência

Aceitar o Inevitável

26/10/2024
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Certa vez, o poeta português, Fernando Pessoa, assina o poema abaixo que nos convida a reflexões profundas:

“Quando está frio no tempo do frio, para mim é como se estivesse agradável.

Porque para o meu ser adequado à existência das coisas.

O natural é o agradável só por ser natural.

Aceito as dificuldades da vida porque são o destino.

Como aceito o frio excessivo no alto do Inverno.

Calmamente, sem me queixar, como quem meramente aceita.

E encontra uma alegria no fato de aceitar.

No fato sublimemente científico e difícil de aceitar o natural inevitável.”

[com base no poema de Fernando Pessoa e na Red. do Momento Espírita]

Aceitar o inevitável. Aceitar o que é natural que aconteça, sem reclamações, sem surpresas, sem demasiado sofrimento.

Sim, sem demasiado sofrer, pois a resiliência não nos impede de passar pelas dores e mesmo de sofrê-las.

A capacidade de se adaptar às mudanças nos fala em aceitação.

Sentir frio, no alto do inverno, é inevitável.

No entanto, há uma diferença entre sentir o frio e revoltar-se contra ele, fazendo dele o assunto de todos os momentos, tornando-o o mal dos dias.

Essa é a linha de raciocínio do poeta, que podemos usar para uma vida de mais resignação.

Na resignação, não deixamos de buscar nos aquecer, de buscar a roupa quente, o cobertor ou até mesmo o calor do fogo. Simplesmente deixamos de permitir que o frio congele nossa alegria de viver.

Trazendo esse cenário para uma visão mais ampla de mundo, dos dias que vivemos, e mesmo de nós, almas em evolução, podemos dizer que ainda vivemos o inverno.

São dias de lutas, são dias de sacrifício, de baixas temperaturas, que, por vezes, quase nos impedem de sair de casa.

Ainda vivemos o inverno em nosso mundo.

Não nos revoltemos, então, com o vento gélido que sopra do próximo em nossa direção, em muitas manhãs. Ele ainda vive em regiões polares no íntimo da sua alma.

Não nos queixemos das dificuldades de andarmos na chuva. Adaptemo-nos.

Saibamos, todavia, que o inverno é apenas uma estação.

Aprendemos desde cedo qual a estação seguinte.

Dependendo de como estivermos vivendo os dias, podemos até estar conseguindo enxergar as primeiras flores desabrocharem logo adiante.

Aliás, dizem por aí que a próxima estação será belíssima e quem se mantiver firme para ver as flores dirá que valeu a pena toda a caminhada.

Sigamos juntos, neste final de inverno do mundo. Sem desânimo. Valerá a pena esperar.