De cada 100 brasileiros, 35 possuem hipertensão arterial mas não sabem e só descobrem que têm a doença quando acontece algo mais grave, como um acidente vascular cerebral (AVC) ou ataque cardíaco.
Esta informação, do Ministério da Saúde, é reforçada por uma pesquisa feita pela Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp): 53% dos entrevistados não sabiam identificar “os números” da pressão arterial elevada.
A hipertensão é caracterizada quando a sua pressão arterial apresenta valores iguais ou superiores a 14 por 9 (140 mmHg x 90 mmHg).
Os entrevistados erraram: 34,1% responderam “16 por 9” e 18,9%, “15 por 9”.
Segundo o Ministério da Saúde, a hipertensão arterial matou 53 mil brasileiros em 2019. Este número elevado fez com que, em 2020, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) definisse uma nova diretriz para classificar a hipertensão arterial.
Ainda é considerada hipertensa a pessoa com pressão maior ou igual a 14 por 9. O novo parâmetro, porém, classifica como pré-hipertenso o indivíduo com pressão máxima entre 13 e 13,9 e mínima entre 8,5 e 8,9.
A pressão ideal agora é a que registra números abaixo de 12 por 8. As faixas entre 12 e 12,9 e 8 e 8,4 são consideradas normais, mas não ótimas. Por isso, quando esses parâmetros são registrados a orientação é que se inicie um controle.
Causas da hipertensão arterial
“As principais causas são obesidade, sedentarismo, tabagismo, estresse e hábitos alimentares inadequados, incluindo a ingestão excessiva de álcool, sal, alimentos ultraprocessados e gorduras”, explica o endocrinologista Daniel Lerario, mestre e doutor pela Escola Paulista de Medicina.
O especialista destaca que a doença pode ser causada por fatores genéticos. “Assim, então pessoas com familiares hipertensos devem redobrar os cuidados”.
Prevenção da pressão alta
A hipertensão é hereditária em 90% dos casos, mas vale lembrar que há vários fatores que influenciam os níveis de pressão arterial e estão associados ao desenvolvimento da doença. Por isso, para prevenir e controlar a hipertensão é fundamental manter o peso ideal, não abusar do sal, evitar alimentos gordurosos, praticar atividade física regularmente, não fumar e consumir álcool moderadamente, controlar o diabetes e medir a pressão arterial com regularidade.
Sal, o grande vilão da pressão alta
Cerca de 90% do sódio que consumimos está na forma de sal de cozinha, um tempero bastante utilizado na culinária brasileira.
Segundo o Ministério da Saúde, a população brasileira consome, em média, 12g de sal/dia, quando o recomendado pela Organização Mundial da Saúde e pelo Guia Alimentar do Ministério da Saúde é de 5g de sal/dia, ou o equivalente a uma colher de chá. Esta porção corresponde a aproximadamente 2 gramas de sódio.
Além do saleiro, o sal está presente e em grande quantidade em alimentos processados e ultraprocessados, enlatados, embutidos, em conservas, comidas de preparo instantâneo, refrigerantes diet e zero e adoçantes.
Sementes como linhaça, quinoa, chia e gergelim têm propriedades anti-inflamatórias, são fonte de magnésio, vitamina E, cálcio e flavonóides, atuam na redução do colesterol LDL, triglicerídeos e pressão arterial.
O Ômega 3 é uma substância traz muitos benefícios para a saúde cardiovascular, pois melhora os níveis de colesterol, reduz os níveis de triglicerídeos, peroxidação do LDL, melhora a inflamação cardiovascular. Estudos mostram que em pacientes com risco cardiovascular, a suplementação com 2 a 4 gramas de EPA/DHA por dia pode reduzir os níveis de triglicerídeos em até 30%.
São fontes de Ômega 3 peixes de água fria como o salmão, atum, sardinha, bacalhau; sementes, castanhas e vegetais como o espinafre, agrião, alface e couve-flor.
A deficiência de Vitamina B12 está relacionada à formação de coágulos sanguíneos, danos vasculares e ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares, principalmente porque está relacionada ao aumento do nível de homocisteína, um importante marcador de risco cardiovascular.
Principais sintomas
Os sintomas da hipertensão arterial, quando ocorrem, são bastante inespecíficos. Em muitos casos, os sinais são silenciosos e as pessoas levam anos até descobrir o problema — muitas vezes, só quando algo mais grave acontece. Por isso, é importante medir regularmente a pressão arterial e seguir corretamente as orientações médicas, em caso de alterações. Em geral, os principais sintomas são:
- Tontura
- Palpitações
- Dor de cabeça frequente
- Alteração na visão
Tratamento e controle da hipertensão
A hipertensão não pode ser curada, mas pode e deve ser tratada e controlada por meio de mudanças nos hábitos de vida, alimentação balanceada e, quando necessário, uso de medicamentos.
A alimentação é um dos fatores mais decisivos no controle da pressão arterial. Além de evitar o excesso de sol, recomenda-se consumir produtos naturais com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias.
Hipertensão no Brasil em números
De acordo com o Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2021, a prevalência autorreferida de diagnóstico médico de hipertensão arterial foi de 26,3% entre adultos (≥ 18 anos de idade) que residem nas 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal.
A proporção de adultos que referiram esse diagnóstico aumentou no período entre 2006 e 2021, variando de 22,6% em 2006 para 26,3% em 2021 (aumento médio de 0,13 pontos percentuais ao ano – pp/ano). Esse aumento também foi observado entre os homens, variando de 19,5%, em 2006, a 25,4%, em 2021 (0,22 pp/ano).
Em relação às características sociodemográficas, observou-se uma maior proporção de mulheres que referiram diagnóstico médico de hipertensão arterial (26,4%), relativamente aos homens (21,1%).
A proporção de pessoas que referiram este diagnóstico aumentava com a idade: enquanto dentre as pessoas de 18 a 29 anos esta proporção era de apenas 2,8%; dentre as pessoas de 30 a 59 anos, 20,3%, e dentre as de 60 a 64 anos, 46,9%, 56,6% entre as pessoas de 65 a 74 anos e 62,1% entre a população com 75 anos ou mais de idade.
Dicas para um estilo de vida saudável
- Controle de peso, se necessário, mudando hábitos alimentares;
- Reduzir o consumo de sal e utilizar pequena quantidade de sal ao temperar e cozinhar alimentos
- Evite utilizar temperos prontos industrializados, tais como caldos de carne ou legumes, produtos prontos de alho e sal e temperos prontos para saladas. Geralmente esses produtos contém altas quantidades de sal, além de muitos deles serem alimentos ultraprocessados.
- Para dar mais sabor às preparações, use quantidades generosas de temperos naturais ao preparar os alimentos (cebola, alho, louro, salsinha, cebolinha, manjericão, pimentado-reino, hortelã, orégano, pimentão, tomate, entre outros). Se possível, cultive alguns temperos naturais em casa.
- Consumir alimentação com base em alimentos in natura ou minimamente processados, como, por exemplo, arroz, feijão, frutas, legumes e verduras.
- Aumente o consumo de frutas, verduras, legumes, produtos lácteos com baixo teor de gordura, cereais integrais, peixes, aves e oleaginosas (castanhas, amendoim, nozes).
- Frutas como banana-da-terra/bananacomprida, prata ou nanica, laranja-pera, mexerica ou tangerina, mamão formosa, goiaba, abacate, melão oleaginosas (castanhas, amendoim, nozes) contribuem para maior ingestão de potássio, que podem auxiliar no manejo da pressão arterial.
- Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados e bebidas adoçadas;
- Comer em ambientes apropriados e com atenção;
- Praticar atividade física regular, pelo menos 150 minutos de atividade moderada por semana;
- Aproveitar momentos de lazer;
- Não fume e evite ambientes onde fumam;
- Reduza o consumo de álcool;
- Se você tem diabetes, converse com a sua equipe de saúde sobre como reduzir o risco de Hipertensão.
Fonte: Ministério da Saúde
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