Cooperativa gera renda para mais de 40 famílias em Guarujá
06/06/2022O que é dispensável para muitos, torna-se um meio de vida para outros. Foi isso que Miriam Madalena da Silva aprendeu na prática há duas décadas, quando se viu desempregada e retomou a independência financeira por meio da reciclagem. Moradora do Pae Cará, desde então nunca mais atuou como técnica de enfermagem, área em que é formada. Miriam é uma das personagens deste 5 de junho, Dia Nacional da Reciclagem.
Para ela, que há 20 anos bateu em muitas portas buscando uma recolocação no mercado de trabalho na área da saúde, as conquistas por meio da atividade em prol do meio ambiente são motivo de orgulho. Sobretudo, por significar o sustento da casa e do filho, o que ela faz sozinha. “O preconceito é uma realidade, mas não sinto vergonha de trabalhar com reciclagem, pelo contrário. É um serviço cansativo, confesso, mas é honesto e recompensador. Tudo o que possuo hoje, consegui graças a essa oportunidade. Por isso, cumpro minha carga horária com alegria”, compartilha Miriam Madalena.
A cooperada não é uma exceção. Assim como ela, milhares de homens e mulheres do Brasil manuseiam toneladas de materiais descartados como lixo, para que itens como plástico, alumínio, papelão, vidro e papel retornem à cadeia produtiva. Uma delas é Aline de Jesus Abreu, de 32 anos, moradora do bairro Jardim Progresso, que trabalha com reciclagem há nove meses.
De acordo com a ex-controladora de acesso, além de conhecer com propriedade cada um dos materiais recicláveis, a nova atividade possibilita a manutenção da sua família. “Para complementar a renda, faço extras limpando apartamento aos finais de semana. Mas nada melhor que ter um salário certo e mais uma experiência no currículo”, destaca Aline de Jesus.
Cooperativa Mundo Novo
O primeiro contato das duas mulheres com a reciclagem aconteceu onde estão atualmente, na Cooperativa Mundo Novo (Rua Josefa Hermínia Caldas, 45 – Jardim Progresso). Hoje, a organização, existente desde 2003, é responsável por gerar renda a mais de 40 famílias, além de prestar o serviço de coleta seletiva à municipalidade, como contratada da Prefeitura de Guarujá.
A instituição realiza um conjunto de procedimentos até promover a destinação final ambientalmente adequada dos resíduos coletados. São ações diretas que incluem coleta, transporte, triagem e processamento.
Próprios públicos, condomínios residenciais incluídos em roteiros preestabelecidos e Pontos de Entrega Voluntários instalados nas chamadas “Estações de Sustentabilidade” são atendidos pela coleta seletiva.
Quase 4,5 mil toneladas
Nos últimos quatro anos, a coletiva seletiva prestada por cooperativas movimentou 4.487 toneladas de materiais recicláveis no Municíp. (Semam).
A porcentagem de resíduos sólidos recicláveis recolhidos equivale a 1,6%. O índice está na média regional, de acordo com o Plano Regional de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos da Baixada Santista. No país, esta média é de 2,2%, de acordo com o Plano Nacional de Resíduos Sólidos 2022.
Atualmente, Guarujá conta com uma cooperativa para a prestação do serviço de coleta seletiva. Entretanto, a Prefeitura prevê a contratação de mais uma ainda neste ano. O atendimento por meio de cooperativas no Município acontece desde 2018, conforme prevê a Lei Federal n° 12.305/2010, que estabelece a Política Nacional de Resíduos Sólidos.