Fronteiras da Ciência

Tempo sagrado

14/04/2022
Depositphotos

Uma cena aparentemente corriqueira. Um vídeo de 30 seg. que viraliza na internet.

No sofá, um pai recostado, com as pernas esticadas para frente. Ao lado, o filho, com pouco mais de 1 ano de idade, na mesma posição.

Entende-se que estão assistindo televisão.

O bebê balbucia consoantes e vogais, de forma desordenada, fazendo gestos muito claros, observando a programação e depois virando-se para o pai.

O pai responde: -É isso mesmo, ele estava fazendo assim.

E imita os gestos do filho.

A criança contra-argumenta, balançando a cabeça, mudando as expressões faciais.

Ele mantém o diálogo, sorrindo, como se tudo que o filho dissesse fosse inteligível, acrescentando: -incrível como pensamos o mesmo, né?

A beleza do vídeo está em vários aspectos.

Ambos estão sorrindo, claramente felizes em poder desfrutar daquele tempo.

Há também o belo na perspicácia do pai que, como se diz popularmente, “entrou na onda”, e curtiu o momento gracioso ao lado do seu bebê.

Pelo que se entende, a mãe armou a câmera do celular sem ninguém perceber e deixou ali, discretamente, captando o momento inesquecível.

Momento de convívio entre pai e filho, momento de encontro verdadeiro, instante de troca e de educação.

A educação se dá das mais diferentes formas. Talvez pensemos que ela exige formalidades, que traduzam o peso da responsabilidade que nos cabe como pais e educadores.

Sim, ela é a alma de tudo. É o diferencial numa família, numa sociedade. No entanto, educa-se de maneiras imperceptíveis, na grande maioria das vezes.

A educação se faz pela imitação, pelo convívio e pelo exemplo.

Aquele pai mostrou muitas coisas em pouco tempo: mostrou que sabe ouvir o filho; mostrou que é importante trocar ideias, num diálogo aberto.

E isso se cultiva assim, desde os primeiros instantes de vida do filho.

Mostrou que gosta de estar ao lado do filho, que cada instante desses pode ser prazeroso e, por mais que tenha muitas tarefas em sua vida de adulto responsável, nunca deixará de reservar momentos como aquele para colecionar na existência.

[com base na Red. do Momento Espírita]

O tempo com eles é sagrado.

Ele começa no ventre. Eles nos ouvem, nos sentem, nos percebem.

Não recusemos nenhum pequeno braço ou mão esticada nos solicitando atenção.

Não deixemos de ouvir cada frase, de captar cada olhar.

Estejamos sempre de corpo e alma presente. Eles sabem quando só o corpo está ali e nossa mente em outro lugar.

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