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Ratos e Homens, a decadência do sonho americano, por John Steinbeck

03/11/2021
Ratos e Homens, a decadência do sonho americano, por John Steinbeck | Jornal da Orla

Afinal, o que faz de um livro um clássico? Esta pergunta de ouro é sempre colocada na mesa.  Há, entretanto, concórdia a respeito de alguns elementos sobre o conceito: um clássico carrega consigo um significado especial à espécie, envergando valores humanos universais que extrapolam fronteiras/culturas e tocam todos os corações, além de resistir bem à passagem do tempo. Se for assim, Ratos e Homens (1937), com seu apelo à dignidade, amizade, sacrifício e sonho, encarta-se na categoria.

O livro conta a estória de dois amigos que vagueiam pelas fazendas procurando trabalho durante a dura Grande Depressão americana. George é astuto e determinado, já Lennie é um gigante infantilizado com algum nível de retardo. Ambos viajam juntos, imbricados por uma relação de familiaridade às vezes fraterna, outras vezes ríspida. Sonham em comprar a própria casa, e num dos arcos mais comoventes da literatura, partilham essa idealização com um velho trabalhador que nada mais espera da vida.  Seu final emociona e atordoa, e é usualmente citado como exemplo de desfecho bem resolvido, convolando-se numa das tragédias literárias mais emblemáticas de todos os tempos.

Ser um clássico é ser tudo isso.

Motivos para ler:

1- John Steinbeck (1902-1968) foi um destacadíssimo escritor estadunidense, alcançando o Prêmio Nobel de Literatura em 1962. Seus livros são fortemente fulcrados nas questões rurais, na terra e seus trabalhadores. Suas duas grandes obras são Ratos e Homens e As Vinhas da Ira;

2- A adaptação cinematográfica do livro é um deslumbre. Com atuações soberbas dos enormes Gary Sinise e John Malkovich, o filme entrega o mesmo nível de comoção que sentimos ao ler o livro. Imperdível;

3- O livro traça, em verdade, uma parábola sobre a decadência do “sonho americano”, sempre baseado na pura e descalibrada meritocracia. Seria afinal possível que depauperados, explorados e mal pagos trabalhadores rurais fincassem raízes numa terra própria, abandonando a vida errante para, enfim, serem donos do próprio destino e não precisarem trabalhar para outro homem?


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