Capitães da Areia é um livro com estória pra contar: sua primeira edição foi apreendida pelo Estado Novo em 1.937 e queimada em praça pública, tudo para constranger a posição política de Jorge Amado. Assim são alguns livros. Além da estória que contam, carregam também uma biografia própria.
É num trapiche abandonado que moram os Capitães da Areia. São órfãos entre oito e dezesseis anos que vivem de esmolas e pequenos furtos pelas ruas da Bahia. Suas conversas são de adultos, porque lutam pela mais miserável das vidas: a vida de criança abandonada. Mas todos eles, apesar da vida dura, têm um coração de criança no peito, como notará um comovido padre José Pedro: “O carrossel girava com as crianças bem vestidas e os olhos dos Capitães da Areia se voltaram para ele e estavam cheios de desejo de andar nos cavalos. Eram crianças, sim – pensou o padre.”
Sob a liderança do valente Pedro Bala, os capitães se envolvem em diversos eventos aventurescos, todos permeados por dramas magistralmente conduzidos pela mão de Jorge Amado. A amizade e o companheirismo, a solidão, a fé, os sonhos modestos, o ódio, o amor e a tragédia – Jorge nos entrega tudo isso com muita beleza e lirismo.
É com uma mistura de dor e ternura que descobrimos que não se pode ser um capitão da areia para sempre. Alguns meninos vão ficando pelo caminho, outros seguem improváveis destinos. Destaca-se o conflito trágico – belissimamente desenvolvido – de Sem-Pernas. Já Pedro Bala parece ter mesmo nascido para liderar; afinal, “os homens valentes têm uma estrela em lugar do coração”.
Motivos para ler:
1 – Jorge Amado é o nosso escritor mais reverenciado no estrangeiro, possuindo inúmeros prêmios internacionais;
2 – Capitães é um enorme clássico da literatura brasileira. Deixe-se comover com ele;
3 – Cecília Amado, neta de Jorge, lançou a adaptação cinematográfica do livro em 2011. É sempre divertido assistir a um filme que se origina de um livro querido. Experimente!
