Dois dados revelados pelo Ministério da Saúde esta semana, quando o país já vive o clima de Carnaval, são alarmantes —e um está diretamente relacionado ao outro. 36% dos jovens brasileiros, com idade entre 15 e 24 anos, não usam camisinha durante as relações sexuais. 54% dos jovens entre 16 e 25 anos, estão infectados pelo Papillomavirus humano, mais conhecido como HPV.
Os números indicam que os jovens não levam a sério o risco as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). A coordenadora-geral de vigilância das Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde, Angélica Espinosa Miranda, alerta que o uso da camisinha, por exemplo, deixou de ser uma prática constante.
“As ISTs são doenças antigas e começaram a ter alguma repercussão maior no início da epidemia da Aids, que também é uma IST. Os números da epidemia da Aids, com a gravidade dos sintomas, fizeram com que as pessoas tivessem mais medo de pegar a doença ou de pegar qualquer outra IST. Só que essa geração mais jovem não teve contato com aqueles casos tão pesados da Aids do início da epidemia. Assim, você acaba sendo displicente no uso da prevenção. As pesquisas mostram que os jovens perderam o medo da contaminação por uma IST e acabam não usando tanto o preservativo”, afirma.
Perigo silencioso
As ISTs podem ficar meses, ou até anos, sem apresentarem sinais ou sintomas. Caso não sejam diagnosticadas e tratadas, podem trazer graves complicações, como infertilidade, câncer ou até mesmo a morte. É o que explica Artur Kalichman, médico sanitarista do Centro de Referência e Treinamento em IST/Aids de São Paulo.
“Muitas das Infecções Sexualmente Transmissíveis não têm sintomas. Não tem corrimento, úlcera, não tem nada. Mas a pessoa está infectada”, alerta. “A camisinha é a melhor estratégia. Além de proteger contra as ISTs, evita a gravidez. Não tem efeito colateral”
HPV no Brasil supera média mundial
O número de casos de HPV entre jovens no Brasil (54%) é muito superior à média mundial: 11,7%. Para que a contaminação aconteça, basta o contato direto com a pele ou mucosa infectada.
A principal forma de transmissão da doença é pela via sexual, com ou sem penetração. Isso inclui contato oral-genital, genital-genital ou manual-genital. O contágio com o HPV pode ocorrer até mesmo durante o parto.
Embora o HPV possa não manifestar sintomas na maioria das pessoas, ele possui mais de 150 variações e, ao menos, 13 tipos causadores de câncer, dentre eles o de colo do útero, o de cervical, o de pênis e o de orofaringe. Além disso, as infecções por HPV aumentam significativamente o risco de transmissão do HIV, tanto homens quanto mulheres.
Apesar dos números, o contágio do vírus pode ser evitado com o uso do preservativo e com vacinação, oferecidos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Foto: Divulgação/Ministério da Saúde