A reforma da Previdência apresentada pelo governo Bolsonaro foi bem recebida por economistas e pela mídia, mas já enfrenta resistências. É certo que a Nova Previdência, como é chamada pelo governo, elaborada para promover uma economia de R$ 1,1 trilhão em dez anos, deverá ter vários pontos alterados no Congresso.
Entre as mudanças propostas, as que recebem maiores críticas são: fim da pensão integral (viúvas e viúvos passariam a receber apenas 50% mais 10% por dependente, ao invés de 100%); o benefício assistencial para idosos carentes, cai de um salário mínimo para R$ 400; a média salarial para cálculo de aposentadoria vai reduzir o valor do benefício; a questão da idade mínima para o trabalhador do campo e o endurecimento das regras para aposentadoria por invalidez, entre outros pontos.
Militares
Vários deputados também sinalizam que vão dificultar a aprovação da reforma se o governo não incluir no texto a questão dos militares – a promessa é a de que isso ocorra em 30 dias. As informações são de que os militares também terão regras endurecidas e seu tempo de contribuição passaria de 30 anos para 35 anos.
O líder do DEM na Câmara, deputado Elmar Nascimento (BA) afirmou que os parlamentares “estão curiosos para saber de que forma o governo vai tratar os militares, já que foi duro com o trabalhador rural e com o benefício para idosos”.
Funcionalismo
Quem também promete resistências são as associações de servidores públicos que ganham altos salários. Eles prometem ir à Justiça contra o aumento de até 22% da contribuição previdenciária, que consta da proposta encaminhada ao Congresso.
O presidente da Anamatra (Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho), Guilherme Feliciano, já adiantou que se não houver mudança a entidade vai questionar a reforma no STF.
Briga no Congresso
O fato é de que a reforma da Previdência é fundamental para que o Brasil volte a crescer e reduza a penúria de vários estados e municípios que estão em processo de insolvência. A questão é convencer a opinião pública de que a reforma apresentada – que vai afetar a vida de todos os brasileiros – é dolorosa, mas inevitável, e que corrige injustiças históricas.
O problema é que o governo vai enfrentar resistências de corporações e setores poderosos da sociedade e até agora não tem mostrado habilidade política para negociar com o Congresso.
A história de que Jair Bolsonaro veio para acabar com a velha política colou na campanha eleitoral. Mas agora chegou a hora de governar e o presidente terá de negociar com muitas velhas raposas da política que tanto criticou.
Só Deus sabe o que vem pela frente.
Foto: Lula Marques/Divulgação