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Rodrigo Rodrigues – Fake Standards

02/12/2017
Rodrigo Rodrigues – Fake Standards | Jornal da Orla

Conheci o trabalho versátil do cantor, violonista, gaitista, saxofonista e pandeirista Rodrigo Rodrigues no início dos anos 90, quando ele ainda integrava o grupo Música Ligeira, que teve uma história musical de 16 anos e contava também com as participações dos músicos Mário Manga e Fabio Tagliaferri. Gravaram 2 CDs e 1 DVD, todos muito raros no mercado e fizeram sucesso no mercado alternativo de shows.

Eles eram irreverentes, criativos, engraçados e tinham um estilo raro e único de apresentar releituras da nossa MPB, clássicos do Jazz e da música Pop, de uma forma muito marcante e inovadora.

Assisti a um show inesquecível do trio Música Ligeira em São Paulo, no aconchegante Teatro Crowne Plaza, bem no início da carreira do grupo e ali me encantei com a variedade de instrumentos acústicos como violão, cello, viola de arco, bandolim, gaita, pandeiro e saxofone executados pelos seus integrantes. 

O grupo só acabou em razão do falecimento precoce de Rodrigo Rodrigues, ocorrido no ano de 2005, vítima de leucemia aos 44 anos de idade. Uma grande perda.

E, por acaso, descobri o CD póstumo “Fake Standards”, de Rodrigo Fernandes, lançado dois anos depois do seu falecimento, mais precisamente em 2007, pelo selo Dubas Brasil, em que ele interpreta, de forma única, clássicos americanos.

O disco foi gravado em 2001, no estúdio do seu companheiro de Música Ligeira, Mário Manga, e durante 6 anos as gravações ficaram guardadas. Nem por isso, perderam a sua importância. O álbum ficou à espera de uma gravadora para ser lançado de uma forma decente. E assim foi feito, valorizando ainda mais a obra deste grande músico.

Rodrigo Rodrigues não atingiu a fama, mas foi muito admirado por várias pessoas e por diversos músicos, que puderam compartilhar com ele, grandes momentos musicais.

O disco conta com 14 regravações, a grande maioria de clássicos do Jazz e é de extremo bom gosto. Em todas as faixas podemos encontrar a ousadia das releituras do grupo Música Ligeira, associados à bela interpretação de Rodrigo Rodrigues.

Na maioria das faixas ele é acompanhado apenas de violão, além da clarineta, gaita e saxofone, todos tocados por ele mes-mo, além das participações especiais de Mário Manga (viloão e cello), Adriana Holtz (cello), Marcia Lopes (vocais), Luiz Amato (violino) e Fábio Tagliaferri (viola).

Seu timbre vocal foi muito influenciado por Chet Baker, João Gilberto, Caetano Veloso e John Pizzarelli e no repertório destaco os temas “Let`s Face The Music and Dance”, “Laura”, “September Song”, “Cry Me A River”, “My Funny Valentine”, “Sweet Lorraine” e “Isn`t a Lovely Day”.

Outro detalhe interessante, é que Rodrigo Rodrigues, de forma muito criativa, inclui várias citações de outros temas nos seus solos, o que dá um toque muito personalizado às gravações.

Dono de uma voz extremante afinada ele tinha grandes qualidades e desta forma a Rádio Jornal da Orla/Digital Jazz presta uma homenagem a este grande artista, que deixou muitas saudades e um legado musical que merece ser preservado e divulgado para aqueles que eventualmente não o conheceram..

Karen Souza – “Hotel Souza”

Descobri por acaso a talentosa cantora argentina, radicada nos Estados Unidos, Karen Souza que no ano de 2012, lançou pelo selo Music Brokers, seu segundo trabalho, gravado integralmente em Los Angeles, nos famosos estúdios The Factory e Century 21.

O disco foi produzido por Joel McNeely, que já assinou trabalhos de Tony Bennett, Peggy Lee e Al Green. Nada mal, não é mesmo.

Seu primeiro disco, do ano de 2011, “Essentials”, reuniu as suas melhores gravações dos 3 álbuns da série Jazz and The `70s, `80s e `90s, que ajudou muito a cantora impulsionar sua carreira.

Ela é bonita e possui uma voz sedutora que tem conquistado muitos fãs por onde se apresenta e tem no repertório do Jazz, a sua grande fonte de inspiração. 

Vale destacar que a cantora adora também o Brasil e a Bossa Nova. Ela ama viajar e compor, nos diversos destinos deste planeta que está regularmente visitando. Curiosamente, ela não para de jeito nenhum.

Mais de 15 músicos participaram deste projeto e o detalhe mais interessante do disco foi a participação de vários integrantes da banda original do cantor Marvin Gaye, na releitura do clássico “I Heard It Through The Grapevine”. Simplesmente sensacional e uma grande honra para ela.

Meus outros destaques ficam para as suas composições autorais “Paris”, “Night Demon”, “Delectable You”, “Full Moon” e “Break My Heart” e os clássicos “Dindi” e “My Foolish Heart”, ambas com uma levada incrível da Bossa Nova.

O resultado final é um CD muito interessante, que mistura uma sonoridade moderna e clássica ao mesmo tempo, sem perder a rota traçada e a qualidade necessária.

Está aí um nome diferente que recomendo para você pesquisar e conhecer melhor.

“Vanessa da Mata canta Tom Jobim”


Este CD lançado em 2013 pelo selo Sony Music é o resultado natural das 6 apresentações gratuitas da cantora Vanessa da Mata, dentro da segunda edição da turnê nacional do Projeto Nívea Viva, que naquele ano homenageou o nosso eterno maestro Tom Jobim (1927 – 1994), passando por 6 capitais do nosso país.
A obra também serviu para homenagear os 50 anos do primeiro álbum solo de Jobim, gravado e lançado nos Estados Unidos em 1963, “The Composer Of Desafinado Plays”, verdadeiro ícone da nossa música. Merecida e justa homenagem.

E foi a primeira vez que a cantora teve contato com o repertório do maestro, uma vez que só cantava suas músicas informalmente, na sua casa. 

E ela teve muita inspiração para mostrar o que a sua geração sente pela obra musical do nosso querido e eterno Tom.

A direção musical ficou por conta do experiente pianista e arranjador Eumir Deodato, que há muitos anos está radicado nos Estados Unidos e trabalhou com Jobim.

A  produção do CD foi assinada por Kassin, músico e produtor ligado à música eletrônica, que possibilitou dar um ar mais moderno às canções escolhidas no disco.

Destaque para a participação dos músicos Alberto Continentino no contrabaixo, Dustan Gallas nos sintetizadores, Gustavo Ruiz na guitarra, entre outros, além de uma afinada orquestra de cordas.

O repertório não traz surpresas, somente as músicas mais conhecidas da obra do maestro, e destaco “Caminhos Cruzados”, “Só Danço Samba”, “Desafinado”, “Chovendo na Roseira”, “Fotografia”, “Dindi”, “Wave” e “Samba de Uma Nota Só”.

Ouvir a poesia musical de Tom Jobim de uma forma diferente é sempre muito prazeroso e na companhia da voz doce e jovial de Vanessa da Mata, ficou ainda melhor.