Meu Rei

Meu Rei é um filme que trata sobre um amor intenso e avassalador, daqueles que deixam cicatrizes que jamais desaparecerão, e sem o clichê de um previsível final feliz. É um filme que expõe relações de forma realista e crua, mostrando o que o cinema francês sabe fazer de melhor. Em seu segundo longa metragem, após o excelente e premiado Polissia, a talentosa diretora Maïwenn realiza um estudo sobre a dependência do amor. Um filme maduro, terno e ao mesmo tempo implacável. Com sua protagonista e conosco.
 

Depois de um grave ferimento no joelho, Tony (Emmanuelle Bercot) se muda para o sudoeste francês para realizar um longo tratamento capaz de ajudá-la a caminhar normalmente. Mas esta não é a sua maior dor: ela ainda amarga um longo relacionamento infeliz com Georgio (Vincent Cassel), homem manipulador e possessivo com quem tem um filho. O filme tem sua estrutura construída através de flashbacks, mostrando o começo da relação, desde o primeiro encontro em uma boate. A transição entre os núcleos é feita de forma bem fluída e dinâmica, ao passo que o roteiro é bem amarrado trabalhando bem a relação dos protagonistas, mostrando uma Tony submissa e as falhas de caráter de Georgio. A performance de Emannuelle Bercot é sensível, retratando toda a angústia e desespero da personagem de forma muito real, com destaque a cena do almoço, onde embriagada, fala todas as verdades ao marido. Vincent Cassel tem o melhor trabalho de sua carreira, com uma atuação intensa e extraordinária, fazendo com que vejamos com certa humanidade um personagem detestável.
 

Meu Rei é um filme questionador, incômodo e com uma abordagem bastante honesta sobre relacionamentos. Maïwenn entrega uma direção segura e cada vez mais experiente e madura, com atuações irretocáveis e um final corajoso. Mais uma vez o cinema francês nos presenteia com um ótimo filme.

Curiosidade