Está cada vez mais claro para o país que não são apenas os políticos que vivem no mundo da fantasia de Brasília. Infelizmente os doutores da toga também vivem esse deslumbramento e uma realidade virtual que amplia o abismo entre o poder constituído e a sociedade.
Os interesses menores se sobrepõem ao que deveria ser o interesse público. É uma pena, mas estamos muito atrasados em relação aos países considerados de primeiro mundo. Trata-se, é inegável, de uma questão cultural.
Chega a ser deprimente constatar que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), a mais alta corte do país, Ricardo Lewandowski, se dispõe a fazer o papel de lobbista para aprovação do projeto que reajusta o salário de ministros do tribunal. O que mais choca é o grau de insensibilidade diante da tragédia que se abate sobre o país.
O salário dos ministros do STF, da ordem de R$ 33,7 mil, já é elevado diante da realidade brasileira, mas seus integrantes ainda dispõem de uma série de mordomias impensáveis em países mais desenvolvidos. Apesar disso e em meio a uma grave crise política e econômica, que produziu 12 milhões de desempregados e levou ao fechamento de porta de milhares de empresas, Lewandowski acha “oportuno” tentar convencer senadores a aprovar o aumento para os ministros do STF.
Vale destacar que se o aumento pretendido for aprovado provocará um efeito cascata uma vez que beneficiará todo o Poder Judiciário. Serão bilhões de reais a mais na conta dos brasileiros, justamente no momento em que o governo federal fala em cortes e pede mais sacrifícios à população. A proposta não é apenas surreal, mas uma bofetada na cara de milhões de brasileiros que sofrem duramente com a crise.
Bem, Lewandowski parece não se importar com isso e segue exercendo simultaneamente o papel de presidente do STF e de lobbista. Definitivamente, a ausência de grandes líderes não se resume à classe política. Uma pena.
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