Coluna Dois

A dança surrealista de treinadores

23/07/2016
A dança surrealista de treinadores | Jornal da Orla
Os clubes que ainda não mudaram representam exceções neste cenário surrealista.
 
Por que surrealista?
 
Porque, no futebol, o que dá certo e é administrado de forma realmente profissional, exige planejamento. 
 
A atividade de planejar estrategicamente alguma coisa consiste em  projetar um futuro de médio ou longo prazo para essa coisa e escolher as ações que devem ser tomadas agora e no futuro próximo para que aquela meta seja atingida.
 
O planejamento do futebol não é diferente. O básico, o mínimo,  é o planejamento de uma temporada. Um treinador é contratado, um elenco é definido com um sistema de jogo, uma programação de treinamentos, uma preparação de um roteiro de competições, uma equipe técnica etc., etc.
 
Têm clubes no Brasileirão, como o América MG que no domingo passado demitiu o treinador português Sergio Vieira, que já estão no terceiro técnico. Onde ficou o planejamento do início da temporada?
 
Uma notícia desta semana é a da possível  transfer6encia milionária do francês Pogba, da Juventus de Turim para o Manchester United.  O valor da negociação gira em torno de 120 milhóes de euros. 452 milhões de reais !!! Não é possível lidar de maneira amadora, anti-profissional, precária, sem planejamento num universo que envolve esses valores.
 
No futebol europeu, em que acontece essa negociação entre Juventus e United, um treinador planeja o seu futuro para depois do término do contrato, como fez o espanhol Pep Guardiola recentemente. No final da temporada o contrato com o Bayern terminava. E ele anunciou que não renovaria alguns meses antes e se transferiu para o Manchester City.
 
Você consegue lembrar de algum caso parecido com esse no Brasil?
 
Vinícius Eutropio, Falcão, Argel Fucks, Givanildo, a relação de demitidos vai longe. Tite e Muricy, que deixaram o comando de Corinthians e Flamengo pela seleção e por motivo de saúde, respectivamente, são exceções. Os outros todos saíram pela pressão por resultados e pela falta de paciência para esperar o amadurecimento do trabalho do treinador.
 
É como se os dirigentes e os torcedores esperassem por um passe de mágica. Que nunca vai acontecer.
 
Enquanto isso, os clubes e o futebol brasileiro vão colecionando fracassos e caminhando de forma acelerada para a decadência absoluta.