A renúncia de Eduardo Cunha à presidência da Câmara dos Deputados é apenas mais um capítulo de uma novela política que retrata o nível de degradação moral que atinge o país. Cunha deixa o comando da Casa, mas mantém o foro privilegiado, a exemplo de inúmeros outros parlamentares também acusados, como ele, de corrupção
.
Eduardo Cunha era chamado de rocha por muitos companheiros que viam nele um homem de força extraordinária, incapaz de ceder mesmo submetido a todo tipo de pressão. Pois a “rocha” não apenas cedeu, como chorou quando percebeu que sua mulher e sua filha, também investigadas na Operação Lava Jato, correm risco de prisão. Assim é a vida.
Apesar do esforço de aliados que tentam manter o mandato de Cunha e, com isso, evitar uma ordem de prisão que parece iminente, é pouco provável que ele continue deputado federal. Afinal, quem serão os parlamentares que estarão dispostos a defender o mandato de um colega que representa hoje o que há de pior na política?
É provável, portanto, que Eduardo Cunha seja cassado e, diante das provas contundentes de corrupção, condenado a passar um período na cadeia, fazendo companhia a seu desafeto José Dirceu.
O mais triste para a jovem democracia brasileira, no entanto, é o fato de que Eduardo Cunha não é uma exceção no Parlamento. Revelações feitas por dezenas de delatores na Operação Lava Jato indicam que diversos políticos, deputados e senadores de vários partidos, receberam propinas em gigantescos esquemas de corrupção. O sistema político brasileiro está podre. A Operação Lava Jato é apenas a ponta do iceberg. Outros esquemas de roubalheiras virão à tona cedo ou tarde.
O atual cenário indica que a solução para o grave problema passa pela punição exemplar dos criminosos e por uma ampla reforma política, sem a qual não haverá esperança de mudança para o país.
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